terça-feira, 31 de julho de 2012

VAI UM CAFEZINHO?

Neste último dia de um julho tão cinzento, haverá coisa mais gostosa?


"Xícara" de  Fábio Sexugi

A NOSSA LÍNGUA




Numa altura em que o acordo ortográfico continua a fazer correr tanta tinta, deixamos-te um texto sobre o qual vale a pena refletir!

"A Língua Portuguesa. Uma língua que é, de certo modo, inseparável de um processo histórico de criação de nações. A começar por Portugal. Antes de ser Estado, Portugal foi trova, cantar de amigo, flor de verde pinho, menina e moça de Bernardim. E também "o sol é grande" e o "comigo me desavim", de Sá de Miranda. E sobretudo Camões, a lírica e Os Lusíadas, esse poema fundador, que é um verdadeiro acto de soberania espiritual. Eu creio que pela mediação da poesia os poetas fundaram os povos. E os povos fundaram a língua. E a língua fundou as nações. Língua de viagem e mestiçagem. E talvez pátria de várias pátrias. Sem esquecer que há o português da opressão e o português da libertação. O português de múltiplas tiranias e o português das várias resistências. A língua é a mesma. Mas não é a mesma. É una. Mas é diversa. Tanto mais ela quanto mais diferente. Uma língua e diferentes culturas. É essa a nossa riqueza. Somos diferentes na mesma língua. Uma língua, em que as vogais não tem todas a mesma cor. Para já não entrar nas consoantes que, em Portugal, como se sabe, assobiam, na África cantam e no Brasil dançam. Temos um língua com vogais multicolores e consoantes sibilantes, ondeantes e até serpenteantes."

Excerto da conferência “Língua Portuguesa, Língua de Culturas” 
proferida por Manuel Alegre na Expolíngua de Madrid em 2003

quinta-feira, 26 de julho de 2012

VALE A PENA PENSAR NISTO: MANIFESTO ANTI-LEITURA [?]

MANIFESTO ANTI-LEITURA
POR
JOSÉ FANHA

“UMA GERAÇÃO QUE LÊ É UMA GERAÇÃO QUE PENSA!

UMA GERAÇÃO QUE LÊ É UMA GERAÇÃO QUE DUVIDA!

UMA GERAÇÃO QUE LÊ É UMA GERAÇÃO QUE QUESTIONA!

UMA GERAÇÃO QUE LÊ É UMA GERAÇÃO QUE CRITICA!

UMA GERAÇÃO QUE PENSA E DUVIDA E QUESTIONA E CRITICA NÃO ENGOLE QUALQUER PATRANHA QUE LHE QUEIRAM ENFIAR! NÃO OBEDECE! NÃO SE BAIXA! NÃO SE CALA! UMA GERAÇÃO QUE LÊ E PENSA É UM PERIGO[…]

A LEITURA FAZ-NOS VIAJAR POR LUGARES MAL FREQUENTADOS COMO A ILHA DO TESOURO, O BECO DAS SARDINHEIRAS DO MÁRIO DE CARVALHO, OS MARES DO ‘MOBY DICK’, A BUENOS AIRES DE BORGES, A PARIS DE MARCEL PROUST, A LONDRES DE OSCAR WILDE, A MOSCOVO DE TOLSTOI!

A LEITURA FAZ-NOS RIR DE PESSOAS SÉRIAS E RESPONSÁVEIS COMO O CONDE DE ABRANHOS, O SANCHO PANÇA OU O ESCRITURÁRIO BARTHLEBY. […]

A LEITURA PREJUDICA GRAVEMENTE A IGNORÂNCIA!

E SEM IGNORÂNCIA O PAÍS NÃO PROGRIDE! NÃO CRESCEM OS JUROS! NÃO SE INVESTE NAS OFF-SHORES! O ESTADO NÃO VENDE EMPRESAS ABAIXO DO PREÇO AOS PARTICULARES! O PREÇO DA GASOLINA NÃO SOBE! […]

SE PUSEREM UM LIVRO À VOSSA FRENTE, CAROS AMIGOS, CUIDADO! DESVIEM O OLHAR! NÃO ABRAM NEM UMA PÁGINA! PODE BASTAR UM VERSO PARA VOS CONTAMINAR! UM HOMEM QUE LÊ PODE DESEJAR VIVER NUM MUNDO MELHOR! PODE DE REPENTE SENTIR AS LÁGRIMAS CORREREM-LHE PELA CARA ABAIXO! PODE QUERER SUBITAMENTE AJUDAR OS AFLITOS! PODE ABRAÇAR ESTUPIDAMENTE UM AMIGO OU BEIJAR OS LÁBIOS DE UMA RAPARIGA BELA COMO UM RAIO DE SOL A ILUMINAR A MAIS BELA ROSA DO JARDIM!
POR ISSO É PRECISO FECHAR AS PORTAS AOS ANTROS DE LEITURA [AS BIBLIOTECAS]!
SABEMOS QUE PODE PARECER DOLOROSO MAS É FUNDAMENTAL ARRANCAR DE VEZ OS LIVROS DAS MÃOS DOS VICIADOS E IMPEDI-LOS DE LER UMA LINHA SEQUER! SE FOR PRECISO TAPEM-LHES OS OLHOS! É PRECISO PREPARAR O FUTURO DOS NOSSOS FILHOS! NÃO LHES DAR ILUSÕES, NEM SONHOS, NEM ALEGRIAS! NEM DÚVIDAS, NEM SABEDORIA, NEM NADA!"

JOSÉ FANHA
POETA DO SÉC. XXI 
TUDO


URL das imagens:
http://4.bp.blogspot.com/-IZ1t_U1XPjc/TbJiMWmzncI/AAAAAAAAI28/VKp5FsI8IpM/s1600/jose_fanha_zorate.png


José Fanha declamando "Eu sou português aqui":




terça-feira, 24 de julho de 2012

OS LIVROS E O TEMPO




“Um livro é feito de uma árvore. É um conjunto de partes lisas e flexíveis (que ainda se chamam folhas) impressas em caracteres de pigmentação escura. Dá-se uma vista de olhos e ouve-se a voz de uma outra pessoa – talvez alguém que já tenha morrido há milhares de anos. Através dos milénios, o autor está a falar, com clareza e em silêncio, dentro da nossa cabeça, directamente para nós. (...) Os livros quebram as cadeias do tempo, provam que os seres humanos são capazes de exercer a magia.”
 Carl Sagan (1984), Cosmos (capítulo XI)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

LIVROS DE VERÃO - ESCOLHAS DE GENTE FAMOSA


Se gostas de ler mas não tiveste tempo para o fazer durante o ano, fica a conhecer os livros que alguns famosos escolheram para este verão. Caso não tenhas livros em lista de espera, talvez estas escolhas te inspirem. 
Na praia ou no campo, viaja ainda mais através das páginas de um livro! 



LÍDIA JORGE - Está a ler Love de Toni Morrison
"É uma história poderosa sobre a vida de várias mulheres em torno de um homem. Apresenta muito bem o mundo das mulheres negras dos EUA, com os seus problemas de ascensão. Tem um fundo de humanidade muito profundo." Para além deste aconselha outros três "que tem em cima da secretária": "Golpe de Misericórdia", de Marguerite Yourcenar, "Nada", de Carmen Laforet, e "O Amante", de Marguerite Duras. 

INÊS CASTEL-BRANCO - Está a ler Criadores de Paul Johnson
“‘Criadores’ é uma compilação de várias biografias de artistas, como Picasso, Verdi ou Shakespeare, e estou a gostar muito.” Para as férias, a actriz aconselha “Sputnik, Meu Amor”, de Haruki Murakami: “Foi o livro que li antes deste. Gostei muito, é uma história de amor não correspondido, com um desaparecimento pelo meio, e passa-se na Grécia. É engraçado ver a visão que um japonês tem da Europa.” 

MÁRIO CRESPO - Está a ler O Homem de Sampetersburgo de Ken Follett 
Estas férias já deram para o jornalista ler dois livros: “Diário de Um Mau Ano”, de Coetzee, e “Waiting for the Barbarians”, do mesmo autor. “Recomendo o ‘Diário de um Mau Ano’, porque é um livro belíssimo. Tornou-se um dos livros da minha vida. É daqueles livros que, mesmo quando fazia uma pausa, estava sempre a pensar nele e desejoso de voltar à leitura. O final é absolutamente sublime.” 

JÚLIA PINHEIRO - Está a ler Afastado de Sadie Jones
A apresentadora lê vários livros por semana e ao mesmo tempo. Na semana passada leu “Leite Derramado”, de Chico Buarque, o policial “A Semelhança”, de Tana French, e “O Regresso”, de Bernhard Schlink, que recomenda: “É um livro extraordinário, que traz as questões relacionadas com a guerra e o pós-guerra, a culpa alemã que leva pessoas a perderem-se de outras, o ter de lidar com aquele legado fortíssimo.” 

(Texto adaptado)

terça-feira, 17 de julho de 2012

NINGUÉM


     É verão. O momento convida a grandes passeios pela praia ou pelo campo, assim como nos atrai para a leitura de livros que escolhemos mas que não temos tempo para ler durante o período de aulas. São aqueles livros que os amigos nos oferecem ou que escolhemos nas livrarias e que lemos apenas por prazer.
    E quando falamos em livros ou simples textos, podemos encontrá-los não apenas nas páginas impressas. Os blogues são também ótimas fontes de lazer em torno das palavras. É o caso de “Crónicas de Utolândia” do escritor João Raposo, onde se encontram vários textos, incluindo o que a seguir se transcreve.


Ninguém

     Desde que me instalara na cidade junto à foz, descansado da gestão da quinta, comecei a dedicar-me a viajar dentro de Utolândia. Ganhei um especial interesse por castelos. Lembro agora um dos acasos que me levaram até um desses castelos, mesmo junto à fronteira com os nossos vizinhos. Gostei dessa viagem, sobretudo por um episódio simples e que não sei porquê, nunca esqueci.
     Tenho uma quase paixão por árvores. Ou melhor, pela sombra das árvores. Um dos meus maiores prazeres é descansar na sua sombra, talvez com um livro, talvez apenas com os meus pensamentos, com as minhas memórias. Uma sombra, de preferência junto a um ribeiro.
      Foi na visita a esse castelo que, ao passar pela aldeia onde se inicia a subida, o conheci. Andava com um outro trabalhador a plantar árvores pelas margens do rio. No meu Utolandês precário meti conversas com ele. Por que é que plantava as árvores? Porque era o seu trabalho e também gostava de árvores. Gostava de as ver crescer, de tratar delas. Perguntei-lhe quem era. Riu-se. Ninguém. E continuou a cavar a cova onde iria plantar a árvore seguinte. Prossegui a subida até ao castelo.
      Voltei a passar pela aldeia há pouco tempo. Perguntei pelo homem que plantara aquelas árvores na margem do rio. Não sabiam quem fora. Certamente viverá na memória de alguém. Com toda a certeza, aquelas árvores, agora mais altas que os edifícios da aldeia, guardariam a memória de quem as plantou e nelas continuará vivo mesmo que já tenha partido. Não soube o seu nome, mas recordo a resposta: Ninguém.
João Raposo in Crónicas de Utolândia 
(http://cronicasdeutolandia.blogspot.pt/?zx=cfd485685c7a21ec )

quarta-feira, 4 de julho de 2012

SOBRE ÁRVORES, LIVROS E BIBLIOTECAS

  As árvores e os livros




As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
No teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
Basta um vaso de sardinheiras.


Jorge Silva Braga, in Hervário
Lisboa: Assírio & Alvim, 2002.

VALE A PENA PENSAR NISTO...



Todo o leitor é leitor de si mesmo.
     Na realidade, todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo. A obra não passa de uma espécie de instrumento óptico oferecido ao leitor a fim de lhe ser possível discernir o que, sem ela, não teria certamente visto em si mesmo.
Marcel Proust, in O Tempo Redescoberto

terça-feira, 3 de julho de 2012

TESOUROS NAS BIBLIOTECAS: EXEMPLAR DO PRIMEIRO MAPA-MUNDO ENCONTRADO EM BIBLIOTECA ALEMÃ


Dois investigadores alemães encontraram na Biblioteca da Universidade de Munique um exemplar, até agora desconhecido, do mapa-mundo de Waldseemüller, o alemão que foi o primeiro a desenhar o mundo com o continente americano e a palavra América. O mapa agora encontrado - escrito em português - será o primeiro exemplar a incluir os cinco continentes.

Fonte: Jornal Público de 3 de julho de 2012

CONVITE: PALESTRA SOBRE EDUCAÇÃO DE SURDOS



segunda-feira, 2 de julho de 2012

OS DIREITOS INALIENÁVEIS DO LEITOR

Um leitor tem direitos? Que direitos são esses? Que livros ler? Com quem? Como ler? Onde ler? Por que razões ler?Encontras aqui algumas respostas.E para encontrares outras respostas, desafiamos-te a ler Como um romance  de  Daniel  Pennac,  um livro extraordinário que podes encontrar na nossa biblioteca!