segunda-feira, 23 de setembro de 2013

HOMENAGEM A ANTÓNIO RAMOS ROSA


António Ramos Rosa, autor de uma obra que abarca cerca de 80 títulos e que foi agraciado com o prémio Pessoa Pessoa em 1988, partiu hoje, aos 88 anos.
Em sua homenagem, divulgamos o poema “A Leitora”.

                                                                          A Leitora

                                                   A leitora abre o espaço num sopro subtil.
                                                   Lê na violência e no espaço da brancura.
                                                   Principia apaixonada, de surpresa em surpresa.
                                                   Ilumina e inunda e dissemina de arco em arco.
                                                   Ela fala com as pedras do livro, com as sílabas da sombra.

                                                   Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento.
                                                   Desce pelos bosques como uma menina descalça.
                                                   Aproxima-se das praias onde o corpo se eleva
                                                   em chama de água. Na imaculada superfície
                                                   ou na espessura latejante, despe-se das formas,

                                                   branca no ar. É um torvelinho harmonioso,
                                                   um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira
                                                   na sede obscura de palavras verticais.
                                                   A água move-se até ao seu príncipio puro.
                                                   O poema é um arbusto que não cessa de tremer.

António Ramos Rosa, in Volante Verde

DEZ VANTAGENS DA LEITURA

Vivendo com a leitura - Ilustração de Dâu Dua

Ler só te dá vantagens! Aqui tens algumas delas:

1. Estímulo mental
O cérebro necessita de treino para se manter forte e saudável e a leitura é uma ótima maneira de estimular a mente e mantê-la ativa. Além disso, estudos mostram que os estímulos mentais desaceleram o progresso de doenças como a demência e Alzheimer.

2. Redução do stress
Quando, à noite, lês um livro e entras numa nova história, diferente da tua, os níveis de stress que viveste durante o dia diminuem radicalmente. Uma história bem escrita pode transportar-te para uma nova realidade, o que te vai distrair dos problemas do momento.

3. Aumento do conhecimento
Tudo o que lês é enviado ao teu cérebro com uma etiqueta: “novas informações”. Mesmo que elas não te pareçam tão essenciais no momento da leitura, em algum momento poderão ajudar-te, como numa entrevista de emprego ou durante um debate na sala de aula.

4. Expansão do vocabulário
A leitura expõe-te a novas palavras que, inevitavelmente, serão incluídas no teu vocabulário. Conhecer um grande número de palavras é muito importante, pois tal permite que tenhas um discurso melhor articulado e, consequentemente, a tua confiança também é impulsionada.

5. Desenvolvimento da memória
Quando lês um livro (especialmente os grandes) precisas de te lembrar de todas as personagens, dos seus pontos de vista, do contexto em que cada uma está inserida e de todos os desenvolvimentos que a história sofre. A boa notícia é que podes utilizar isso a teu favor, fazendo dos livros um treino para a memória, uma vez que guardar essa quantidade de informações faz com que esteja mais apto(a) para te lembrares de acontecimentos do quotidiano.

6. Capacidade de pensamento crítico
Já leste um livro que prometia um mistério confuso e acabaste por desvendá-lo ainda antes do meio da história? Isso mostra a agilidade de pensamento e as tuas capacidades de pensamento crítico. Este tipo de talento também é desenvolvido através da leitura. Portanto, quanto mais leres, mais aumenta a tua capacidade de estabeleceres conexões.

7. Aumento de foco e de concentração
O mundo agitado de hoje faz com que a tua atenção seja dividida em várias partes, de modo que manteres-te concentrado(a) em apenas uma tarefa torna-se um desafio. Contudo, livros com histórias envolventes são capazes de te desligar do mundo em redor, fazendo com que a tua atenção esteja inteiramente voltada para o que acontece na trama. Embora tu não percebas, este tipo de exercício ajuda-te a concentrares-te noutras ocasiões, por exemplo quando precisas de finalizar um projeto com urgência.

8. Capacidade de expressão escrita
Este tipo de capacidade anda lado a lado com a expansão do vocabulário. Assim, como a leitura te permite expressares-te melhor oralmente, também te vai ajudar a colocar os pensamentos no papel com mais clareza, pois ajudar-te-á a produzir textos com mais qualidade, não apenas ao nível do vocabulário, mas também ao nível da correção gramatical e da riqueza de ideias.

9. Tranquilidade
O facto de te envolver numa história e de te livrar do stress do quotidiano faz do livro uma ótima ferramenta para alcançar a paz interior. Nos momentos de stress, procura abstrair-te dos acontecimentos lendo uma história que atraia o teu interesse. Isso vai acalmar-te e ajudar-te a melhorar o teu humor.

10. Entretenimento a baixo custo
Muitas pessoas acreditam que o conceito de diversão está diretamente ligado aos custos elevados de uma viagem ou de uma festa. Contudo, se encontrares um livro que capte a tua atenção, poderás viajar sem sair de casa.

[Texto via "brasil que lê", adaptado]

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

VALE A PENA PENSAR NISTO: NÓS E AS PALAVRAS

«A palavra é o próprio homem. Somos feitos de palavras. Elas são a nossa única realidade ou, pelo menos, o único testemunho da nossa realidade.»

Octavio Paz (poeta, ensaísta, tradutor e diplomata mexicano, 
laureado com o Prémio nobel da Literatura em 1990)


Um poema de Octavio Paz: 

Certezas

Se é real a luz branca
desta lâmpada, real
a mão que escreve, são reais
os olhos que olham o escrito?

Duma palavra à outra
O que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
Entre dois parênteses.

                                                            Octavio Paz, in Dias Hábeis
                                                            (Tradução de Luis Pignatelli)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

AGORA O ESCRITOR ÉS TU!


     Neste ano letivo, a VISÃO lança um novo desafio às escolas do ensino básico: continuarem uma história de um autor português. Participa!

     Única revista inserida no Plano Nacional de Leitura, a Visão Júnior lança todos os anos um desafio de leitura e de escrita às escolas, seguindo assim a aquilo que se comprometeu no seu estado editorial: combater a iliteracia e incentivar o gosto pelos livros.
    
     Inspirando-nos nos princípios da escrita criativa, e partindo das Metas Curriculares, os objetivos desta iniciativa são que os alunos leiam o livro, escrevam a continuação da história e, depois, criem uma nova capa. Todos os trabalhos participantes serão publicados no site da VISÃO Júnior, em www.visaojunior.sapo.pt. As quatro turmas vencedoras terão a oportunidade de se encontrar com o autor da história «original» nas instalações da VISÃO Júnior, mostrar-lhe o novo final (lendo-o ou fazendo até uma pequena recriação) e entrevistá-lo. A entrevista será depois publicada numa edição da VISÃO Júnior. Entre o 7.º e 9.º anos, a iniciativa é aberta a estudantes em nome individual (ou a grupos), e não apenas a turmas. Os alunos poderão participar a partir da biblioteca da escola, sob orientação da professora bibliotecária.
     
     Este ano, as obras escolhidas são:
          1.º ano: Destrava-Línguas, de Luísa Ducla Soares
          2.º ano: Estranhões e Bizarrocos, de José Eduardo Agualusa
          3.º ano: A Arca do Tesouro, de Alice Vieira
          4.º ano: Teatro às três Pancadas, de António Torrado
          5.º ano: Contos e Lendas de Portugal e do Mundo, de João Pedro Mésseder e Isabel Ramalhete
          6.º ano: Pedro Alecrim, de António Mota
          7.º ano: A substância do Amor e Outras Crónicas, de José Eduardo Agualusa
          8.º e 9.º anos: A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, de Mário Cláudio

     Em www.visaojunior.sapo.pt encontrm-se todas as informações sobre esta iniciativa.

Fonte: Visão Júnior, n.º112, setembro, 2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

LÉON FOUCAULT: FÍSICO FRANCÊS HOMENAGEADO PELO GOOGLE DOODLE


  Caso fosse vivo, o físico francês Jean Bernard Léon Foucault – inventor do pêndulo que demonstrou a rotação da terra – faria hoje 194 anos. 
   Foucault nasceu em Paris em 1819, onde começou por estudar Medicina. No entanto, dada a sua aversão ao sangue, mudou para o curso de Física, tornando-se um dos maiores cientistas experimentais do século XIX.
  Foucault, que faleceu em 1968, é um dos 72 cientistas, matemáticos e engenheiros franceses cujo nome está gravado na Torre Eiffel. Vê o filme que se segue e fica a saber porquê! 


Para conheceres outros cientistas, consulta estes livros existentes na nossa biblioteca: 
A História da Ciência, de Anna Claybourne & Adam Larkum 
Espreita a Ciência, de Alex Frith e Colin King 
O Mais Explosivo Livro de Ciência do Universo pelos Geniozinhos, de Lisa Swerling e Ralph Lazar

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

CULTURA GERAL EM DIA COM AS REVISTAS DE SETEMBRO

Olá! Cá estamos de novo, preparados para mais um ano letivo! É tão bom reencontrar os amigos, descobrir todas as novidades, espreitar a biblioteca…. Para que possas divertir-te ( e, às vezes, abrir a boca de espanto) aqui podes ler as mais recentes revistas: 


Visão Júnior- A única revista recomendada pelo Plano Nacional de Leitura, com exercícios para exercitar o cérebro (quem não quer ficar cada vez mais inteligente?), alimentos inesperados (insetos fritos!!!), profissões do futuro (como ser um DJ), animais, receitas, cidades, passatempos e desporto. 


National Geographic - Belas fotografias e pormenorizadas reportagens sobre leões, pinturas no deserto da Jordânia, a inevitável subida do nível das águas do mar e os exóticos desenhos pintados nos elefantes na Índia. 


SUPERinteressante - Sempre intrigante, com artigos sobre o espaço, a tecnologia, a psicologia, a História, a saúde e a natureza. Um nunca acabar de curiosidades, capazes de atrair qualquer leitor! Vem por os teus conhecimentos de cultura geral em dia e espanta os teus amigos e a tua família com tantas novidades!

Texto da Prof.ª Fátima Neto

COMO ESTUDAR MELHOR E TER BONS RESULTADOS

    Um final de ano letivo sossegado e com sucesso prepara-se desde o primeiro dia de aulas. Mas como? De variadíssimas formas, que se prendem com as horas de sono, a alimentação e sobretudo com a forma como se está nas aulas. 
    Os bons alunos não são necessariamente “marrões” e têm uma vida social muito parecida com a tua. Mais importante do que estudar horas a fio é estar concentrado nas aulas, assim como mais importante do que decorar é compreender o que se estuda: eis alguns dos segredos que eles, os bons alunos, conhecem de cor. Mas há outros! 


Fora das aulas 
    Preparar a mochila de véspera é um hábito que te pode facilitar muito a vida: além de não te esqueceres de nada, livras-te do stress logo pela manhã e ainda poderás dormir uns minutinhos extra. Como sabem bem esses minutos… 
     Dormir bem é fundamental para o sucesso académico. Por isso, não deixes de dormir pelo menos 8 a 9 horas por noite (ou até mais, pois se tens 10 anos deves dormir 10 horas!) e lembra-te que a luz do computador e do televisor te podem prejudicar muito, especialmente se tiveres dificuldades em adormecer.
     Igualmente fundamental para o teu rendimento escolar é tomar um bom pequeno-almoço. Como é que alguém pode estar concentrado numa aula se o seu estômago reclamar toda a atenção? O importante é que te concentres nas disciplinas e não na fome que tens. 
  Estudar sozinho e num espaço silencioso será a melhor forma de rentabilizar o estudo? Não necessariamente! Sozinho ou acompanhado, em casa ou na rua, com ou sem música, são vaiáveis que deves experimentar para perceberes o que resulta melhor contigo. O que é importante é que estudes num ambiente arejado e com boa iluminação, que tenhas as matérias em dia e que não deixes tudo para antes dos testes. Isso é que dificilmente resulta, garantimos-te! 
     Não memorizes o que não entendeste! Se o fizeres, esquecer-te-ás dessa matéria rapidamente. Em vez disso, toma nota das dúvidas para as esclareceres com o professor na aula seguinte. 
Estudar sem vontade não resulta, por isso não insistas. Para para ires conversar com um amigo, comer qualquer coisa… e, mais tarde, retoma o estudo.

Durante as aulas 
     É fulcal tirar apontamentos durante as aulas, pois, além de ficares com o registo do mais importante, ajuda-te a estar concentrado. Todavia, não é necessário escrever tudo tal e qual o professor disse, exceto se ele to aconselhar. Apenas as definições, nomes, datas e fórmulas devem ser reproduzidas na íntegra. Tal como quando vamos ao pomar e escolhemos apenas a fruta madura, nas aulas deves selecionar a informação que é conveniente reter e registar. E lembra-te: não basta ouvir para aprender; deves relacionar o que estás a ouvir com aquilo que já sabes, assim como deves formular a tua própria opinião sobre os assuntos. 
     Mas voltemos aos apontamentos! Fica a saber que é crucial que faças resumos da matéria, nos quais deves respeitar e manter as ideias fulcrais dos textos. É também importante que sublinhes as ideias principais, o que te ajudará a recuperar rapidamente o essencial de um texto, sem teres de o ler novamente. E, já agora, regista os apontamentos com a melhor caligrafia e organização possíveis, pois dessa forma serão mais atrativos e mais fáceis de estudar. 

Dicas ecológicas 
     Se o futuro do nosso planeta te preocupa (provavelmente existem mais razões para isso do que tu pensas!), simples gestos da tua parte poderão dar um pequeno contributo para a preservação dos recursos, tais como: usar os cadernos que não gastaste até ao fim no ano anterior e escrever nos dois lados da folha; adquirir papel reciclado; doar as roupas que já não te servem ao invés de as deitares para o lixo; desligar o computador quando não estás a utilizá-lo…

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A CORRESPONDÊNCIA MAIS BREVE DA HISTÓRIA


     Victor Hugo foi um escritor prolífico e metódico e a sua obra, ampla e variada, inclui teatro, poesia, novela, discursos políticos e abundante correspondência.
    Precisamente sobre esta faceta da obra de Victor Hugo, existe uma anedota que ilustra bem o personagem e que se trata, seguramente, da correspondência mais breve da história.
     Victor Hugo acabava de escrever a sua mais relevante obra: Os Miseráveis. Se o esforço para a escrever foi proporcional à qualidade do resultado obtido, certamente o “Monsieur” Hugo devia estar exausto. Por isso, enviou o manuscrito ao seu editor e foi de férias.
       Não se sabe se foi no momento em que remeteu o manuscrito – querendo saber a opinião do seu editor sobre o material que lhe enviava -, ou se foi passado algum tempo – para inteirar-se do andamento da edição, o caso é que cruzou com o seu editor uma interessante e expressiva correspondência. Ambas as cartas continham um único símbolo:

A carta de Hugo: “?
(Um ponto de interrogação)

A resposta do seu editor: “!
(Um ponto de exclamação).

E assim se demonstra que, às vezes, as palavras não fazem falta nenhuma!

Vê aqui o trailer da mais recente adaptação de Os Miseráveis ao cinema:


(Tradução e adaptação)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

"AS BIBLIOTECAS", POR VALTER HUGO MÃE

   

   Agora que o ano letivo está prestes a começar, convidamos-te a visitar a nossa e outras bibliotecas, pois, como lembra Valter Hugo Mãe...

     As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem está a ponto de partir. E nada é pequeno quando tem uma biblioteca. O mundo inteiro pode ser convocado à força dos seus livros. 
     Todas as coisas do mundo podem ser chamadas a comparecer à força das palavras, para existirem diante de nós como matéria da imaginação. As bibliotecas são do tamanho do infinito e sabem toda a maravilha.
     Os livros são família direta dos aviões, dos tapetes-voadores ou dos pássaros. Os livros são da família das nuvens e, como elas, sabem tornar-se invisíveis enquanto pairam, como se entrassem para dentro do próprio ar, a ver o que existe dentro do ar que não se vê. 
     O leitor entra com o livro para dentro do ar que não se vê. 
     Com um pequeno sopro, o leitor muda para o outro lado do mundo ou para outro mundo, do avesso da realidade até ao avesso do tempo. Fora de tudo, fora da biblioteca. As bibliotecas não se importam que os leitores se sintam fora das bibliotecas. 
     Os livros são toupeiras, são minhocas, eles são troncos caídos, maduros de uma longevidade inteira, os livros escutam e falam ininterruptamente. São estações do ano, dos anos todos, desde o princípio do mundo e já do fim do mundo. Os livros esticam e tapam furos na cabeça. Eles sabem chover e fazer escuro, casam filhos e coram, choram, imaginam que mais tarde voltam ao início, a serem como crianças. Os livros têm crianças ao dependuro e giram como carrosséis para as ouvir rir. Os livros têm olhos para todos os lados e bisbilhotam o cima e baixo, o esquerda e direita de cada coisa ou coisa nenhuma. Nem pestanejam de tanta curiosidade. Querem ver e contar. Os livros é que contam. 
     As bibliotecas só aparentemente são casas sossegadas. O sossego das bibliotecas é a ingenuidade dos incautos. Porque elas são como festas ou batalhas contínuas e soam trombetas a cada instante e há sempre quem discuta com fervor o futuro, quem exija o futuro e seja destemido, merecedor da nossa confiança e da nossa fé. 
     Adianta pouco manter os livros de capas fechadas. Eles têm memória absoluta. Vão saber esperar até que alguém os abra. 
Até que alguém se encoraje, esfaime, amadureça, reclame direito de seguir maior viagem. E vão oferecer tudo, uma e outra vez, generosos e abundantes. Os livros oferecem o que são, o que sabem, uma e outra vez, sem refilarem, sem se aborrecerem de encontrar infinitamente pessoas novas. Os livros gostam de pessoas que nunca pegaram neles, porque têm surpresas para elas e divertem-se a surpreender. Os livros divertem-se. 
     As pessoas que se tornam leitoras ficam logo mais espertas, até andam três centímetros mais altas, que é efeito de um orgulho saudável de estarem a fazer a coisa certa. Ler livros é uma coisa muito certa. As pessoas percebem isso imediatamente. E os livros não têm vertigens. Eles gostam de pessoas baixas e gostam de pessoas que ficam mais altas. 
     Depois da leitura de muitos livros pode ficar-se com uma inteligência admirável e a cabeça acende como se tivesse uma lâmpada dentro. É muito engraçado. Às vezes, os leitores são tão obstinados com a leitura que nem acendem a luz. Ficam com o livro perto do nariz a correr as linhas muito lentamente para serem capazes de ler. Os leitores mesmo inteligentes aprendem a ler tudo. Leem claramente o humor dos outros, a ansiedade, conseguem ler as tempestades e o silêncio, mesmo que seja um silêncio muito baixinho. Os melhores leitores, um dia, até aprendem a escrever. Aprendem a escrever livros. São como pessoas com palavras por fruto, como as árvores que dão maçãs ou laranjas. Dão palavras que fazem sentido e contam coisas às outras pessoas. Já vi gente a sair de dentro dos livros. Gente atarefada até com mudar o mundo. Saem das palavras e vestem-se à pressa com roupas diversas e vão porta fora a explicar descobertas importantes. Muita gente que vive dentro dos livros tem assuntos importantes para tratar.                 Precisamos de estar sempre atentos. Às vezes, compete-nos dar despacho. Sim, compete-nos pôr mãos ao trabalho. Mas sem medo. O trabalho que temos pela escola dos livros é normalmente um modo de ficarmos felizes. 
     Este texto é um abraço especial à biblioteca da escola Frei João, de Vila do Conde, e à biblioteca do Centro Escolar de Barqueiros, concelho de Barcelos. As pessoas que ali leem livros saberão porquê. Não deixa também de ser um abraço a todas as demais bibliotecas e bibliotecários, na esperança de que nada nos convença de que a ignorância ou o fim da fantasia e do sonho são o melhor para nós e para os nossos. Ler é esperar por melhor. 
Valter Hugo Mãe 
("Jornal de Letras", 15 a 28 de maio)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

HÁ 50 ANOS MARTIN LUTHER KING SONHAVA


      Fez na semana passada 50 anos que Martin Luther King pronunciou um dos discursos mais célebres de todos os tempos: “I Have a Dream” – “Tenho um Sonho”. Tratou-se de um discurso chave no combate dos negros americanos em prol do reconhecimento dos seus direitos. 
     A 28 de agosto de 1963, no Lincoln Memorial, em Washington, num tom profético que utilizava por pensar que poderiam ser as suas últimas palavras, tal era a frequência das ameaças de morte que recebia por defender a igualdade racial nos Estados Unidos, Martin Luther King invocou os princípios democráticos dos Estados Unidos da América: a população negra era cidadã daquele país dos EUA e, como cidadã daquele país, tinha de estar num plano claro de igualdade de oportunidades, no plano político, no plano cívico, no plano social”.
     Em 1964, foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz. No entanto, passados 4 anos, no dia 4 de abril, Martin Luther King, foi assassinado, com apenas 39 anos, mas com o coração de um homem de 60, devido ao stress causado pela intensa luta pelos direitos cívicos. 

     Deixamos-te aqui uma versão abreviada do discurso que Martin Luther King proferiu perante milhares de pessoas: ouve-o no filme e lê-o em seguida.


     “I say to you today, my friends, so even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American dream. 
     I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: 'We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal.
     I have a dream that one day on the red hills of Georgia the sons of former slaves and the sons of former slave owners will be able to sit down together at the table of brotherhood. 
     I have a dream that one day even the state of Mississippi, a state sweltering with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice. 
     I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. 
      I have a dream today. 
     I have a dream that one day, down in Alabama, with its vicious racists, with its governor having his lips dripping with the words of interposition and nullification; one day right there in Alabama, little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and white girls as sisters and brothers. 
     I have a dream today.”
Martin Luther King
(15 de janeiro de 1929 - 4 de abril de 1968)

AQUI imagens do dia e do local onde Martin Luther king proferiu o seu célebre discurso.