segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O MAR NA OBRA DE ANA LUÍSA AMARAL

     A propósito do tema "Mar", proposto pelo PNL, convidamos-te a ouver a escritora Ana Luísa Amaral, que nos apresenta a sua obra A Tempestade, ilustrada por Marta Madureira.
     Prepara-te para a poesia, nas palavras e nas imagens!

domingo, 23 de setembro de 2012

O OUTONO: NA POESIA E NA MÚSICA

Convidamos-te, hoje, a ler um belo poema de Olavo Bilac, e também a ouvir "Outono" de Vivaldi,  concerto no qual o compositor e músico italiano celebra os camponeses, as colheitas, as danças e os cantares outonais.

Coro das quatro estações 

Há tantos frutos nos ramos, 
De tantas formas e cores! 
Irmãs! enquanto dançamos, 
Saíram frutos das flores! 
O Outono: 
Sou a estação mais rica: 
A árvore frutifica 
Durante esta estação; 
No tempo da colheita, 
A gente satisfeita
Saúda a Criação, 
Concede a Natureza 
O prémio da riqueza 
Ao bom trabalhador, 
E enche, contente e ufana, 
De júbilo a choupana 
De cada lavrador. 
Vede como o galho, 
Molhado inda de orvalho, 
Maduro o fruto cai ... 
Interrompendo as danças, 
Aproveitai, crianças! 
Os frutos apanhai! 
Coro das quatro estações: 
Há tantos frutos nos ramos, 
De tantas formas e cores! 
Irmãs! enquanto dançamos, 
Saíram frutos das flores! 
                                              
                                    Olavo Bilac


sábado, 22 de setembro de 2012

CANTO AO OUTONO



Hai-Kai de Outono

Uma borboleta amarela?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e não quis pousar?

     Assim vê Mário Quintana o outono, estação que hoje principia no hemisfério Norte, pelas 15 horas e 49 minutos, para aqui permanecer durante 90 dias.
     Embora com a sua chegada sejamos obrigados a dizer adeus ao verão – a época preferida de muitos – esta estação não deixa de ter muitos encantos, que John Keats concentrou nesta belíssima "Ode* ao Outono".

Ode ao Outono
1
Estação de neblinas, doce e fecunda!
Companheira íntima do sol, com ele vais,
Quando ele abençoa e inunda
De frutos as videiras junto dos beirais;
Pra vergar de maçãs a musgosa macieira
E a fruta por inteiro tornar madura
Pra inchar as cabaças, prá avelã ficar gorda
Com uma doce amêndoa; há flores com fartura
Pra que a abelha as tenha sempre que queira
E pense haver dias quentes a vida inteira,
Pois o verão seus favos pegajosos transborda.
2
Quem não te viu já de fartura rodeada?
Às vezes, quem te procura sob outros céus,
No chão dum celeiro encontra-te descuidada,
O vento da limpeza ergue-te os cabelos.
Ou num rego meio-ceifado, em fundo torpor,
Tonta do perfume das papoulas, parada
A foice, junto da ceara a ceifar te demoras;
Às vezes, tens direita, qual rebuscador,
A pesada cabeça, ao passar a ribeira;
Ou, junto de a prensa, observas tranquila
A cidra a gotejar no fluir das horas.
Que é das canções da Primavera? Onde hão-de estar?
Esquece-as, tua música também tem valor –
Nuvens orlam o dia morrendo devagar
Tingem os restolhos de sua rósea cor;
De os mosquitos a dorida serrazina,
Crescente, entre os salgueiros do rio se ouvia,
Diminuindo, se o vento fica mais brando;
Os cordeiros balem na próxima colina;
Cantam grilos, alto, mas cheios de harmonia,
Num quintal, pisco vermelho assobia,
E as andorinhas chilreiam nos céus em bando.

John Keats (1795-1821), in Antologia de Poesia Anglo-Americana – de Chaucer a Dylan Thomas, edição bilingue, pp 239 e 241. Seleção, tradução, prefácio e notas de António Simões. Edição Campo das Letras, 2002.

*Ode - palavra de origem grega que significa canto.
Sobre o Hai-Kai, encontra mais informação aqui.


URL da imagem: http://3.bp.blogspot.com/-FkbUe9uP0k8/T8U4-
50OC5I/AAAAAAAAJMU/0_fiSJkY6xM/s640/outono-20.jpg

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

NA CRISTA DA ONDA COM A VISÃO JÚNIOR E A NATIONAL GEOGRAPHIC


       Ler uma revista ajuda a descontrair. Ler uma boa revista faz-nos conhecer novos assuntos, curiosidades, dicas e truques para viver melhor ou com mais animação.
     A “Visão Júnior” de setembro já está na biblioteca à disposição de todos! Com artigos sobre animais selvagens e conselhos sobre a caturra, um pássaro domesticado que até aprende a cantar hinos de futebol. Com um artigo sobre as mudanças no nosso corpo, agora que estamos a crescer rapidamente e uma reportagem sobre super-heróis da medicina. Com dicas e truques para o regresso às aulas e curiosidades sobre a escola no tempo dos nossos avós. Ensina a construir um robô e vem recheadinha de jogos, passatempos, ideias divertidas e concursos aliciantes.


     Os animais são também tema da revista “National Geographic” deste mês: uma ave que canta com as asas, da família dos pripídeos (qual será?), os panda- gigantes e os orangotangos Doyok são os animais escolhidos para este número. Mas a revista não se esgota aqui: o Império Romano e as alterações climatéricas que nos têm vindo a surpreender são também temas que te poderão interessar.
     A não perder para quem gosta de estar sempre na crista da onda!

Para saberes um pouco mais sobre estes números, consulta:
                                            http://visao.sapo.pt/visao-junior=s25207
                                            http://www.nationalgeographic.pt/articulo.jsp?id=2612279

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

MAIS-VALIAS...

... porque certas palavras têm muitos valores!

FESTIVAL DO LIVRO NO PALÁCIO DE CRISTAL

Para quem gosta de livros, um programa, para o próximo fim de semana, num lugar mítico da cidade do Porto.



Para obteres informações complementares sobre este evento, clica em http://bairrodoslivros.wordpress.com/

LER NA BIBLIOTECA: O FIM DO ABORRECIMENTO!

URL da imagem: http://3.bp.blogspot.com/-wjNr5t5awos/UBCELR
-paoI/AAAAAAAAUf0/X12DMjAUjeE/s640/photostream.jpeg

PARA REFLETIR...

"[...] what a good library offers cannot be easily found elsewhere: an indoor public space in which you do not have to buy anything in order to stay."

Zadie Smith


Sobre Zadie Smith, escritora britânica: http://literature.britishcouncil.org/zadie-smith

NA BNP - RARIDADES À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE

    EOD - eBookes on Demand: assim se chama o novo serviço disponibilizado pela Biblioteca Nacional de Portugal, através do qual podes consultar livros muito raros publicados entre 1700 e 1850.

   Pela sua raridade e valor, até ontem, estes livros apenas podiam ser consultados presencialmente. No entanto, com este serviço de digitalização , existente nas bibliotecas europeias integradas no Projeto "Digitalization on Demand", muitos dos tesouros da BNP poderão a partir de agora ser "vistos" em qualquer ponto do globo terrestre.

   Para saberes mais sobre este serviço, clica aqui.

domingo, 16 de setembro de 2012

LIVROS DO MÊS DE SETEMBRO

Sugerimos, desta vez, a história  da relação entre o narrador e sua família com o seu cão, Kurica, um epagneul-breton a quem foi dado nome de leão, e não era então um cão como os outros: era-o antes como nós! Comovente! 
A outra sugestão é O Senhor Juarroz, livro pertencente à série O BAIRRO, que nos fala de Juarroz, um homem que teoriza tudo, mas é completamente desastrado na vida prática. Como alguns de nós!

CÃO COMO NÓS,  de Manuel Alegre


"Dei então por mim a conversar com o cão, sempre que estávamos sós. Digo bem: conversar. Porque se ele nunca chegava, como pretendia, à enunciação, não tenho dúvida de que compreendia a humana fala. Pelo menos a nossa. Falava-lhe das caçadas que podíamos ter feito e não fizemos. Tentei explicar-lhe a magia da pesca, mas isso foi coisa que ele nunca aceitou. Quando voltei a caçar, normalmente na companhia do meu filho do meio, contava-lhe as proezas de cada um. Também lhe falava de versos, é verdade, como ás vezes não tinha ninguém a quem ler de imediato um poema acabado de escrever, lia-o ao cão. Ele gostava. Não sei se do poema, mas de que lho lesse. Ou do ritmo, do som, fosse do que fosse. Não que uivasse como com a música de Albeniz. Mas creio que ele também gostava da música da poesia, da alquimia do verso, da litania e da celebração mágica que todo o poema é. Algo que os bichos talvez entendam melhor do que os especialistas da literatura. 
     Às vezes eu dizia-lhe aquele famoso verso de Camilo Pessanha: 
     «Só incessante um som de flauta chora.»
     E ele arrebitava as orelhas. Tenho a certeza de que estava a ouvir a flauta."
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Ouve aqui Asturias (Leyenda) de Isaac Albéniz, interpretada por John Williams. Encanta-te!

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O SENHOR JUARROZ, de Gonçalo M. Tavares 


O Senhor Juarroz
«O senhor Juarroz gostava de organizar a sua biblioteca de maneira secreta. Ninguém gosta de revelar segredos íntimos. 
O senhor Juarroz primeiro organizara a biblioteca por ordem alfabética do título de cada livro. Rapidamente, porém, foi descoberto. 
O senhor Juarroz organizou depois a sua biblioteca por ordem alfabética, mas tendo em conta a primeira palavra de cada livro. 
Foi mais difícil, mas ao fim de algum tempo alguém disse: já sei! 
A seguir o senhor Juarroz reordenou a biblioteca, mas agora por ordem alfabética da milésima palavra de cada livro. 
Há no mundo pessoas muito perseverantes, e uma delas, depois de muito investigar, disse: já sei! No dia seguinte, assumindo este jogo como decisivo, o senhor Juarroz decidiu arrumar a biblioteca a partir de uma progressão matemática complexa que envolvia a ordem alfabética de uma determinada palavra e o teorema de Godel. 
Assim, para estranheza de muitos, a biblioteca do senhor Juarroz começou a ser visitada, não por entusiastas da leitura, mas por matemáticos. Alguns passaram tardes a abrir os livros e a ler certas palavras, utilizando o computador para longos cálculos, tentando assim encontrar a todo o custo a equação matemática que desvendasse a organização da biblioteca do senhor Juarroz. Era, no fundo, um trabalho de descoberta da lógica de uma série, semelhante a 
2/9/30/93 
Pois bem, passaram dois, três, quatro meses, mas chegou o dia. Um reputado matemático, completamente vermelho e eufórico, segurando, na mão direita, num bloco gigante coberto de números, disse: já sei!, e apresentou depois a fórmula de progressão da série que baseava a organização da biblioteca. 
O senhor Juarroz ficou desanimado e decidiu desistir do jogo. Basta! 
No dia seguinte pediu à sua esposa para organizar a biblioteca como bem entendesse. Por ele estava farto. 
Assim foi. Nunca mais ninguém descobriu a lógica da organização da biblioteca do senhor Juarroz.»

sábado, 15 de setembro de 2012

MAR


Para o ano letivo que agora começa, o PNL – Plano Nacional de Leitura – desafiou as escolas a abordarem a temática do “Mar” na Semana da Leitura, atividade que temos realizado nos últimos anos:

"A Semana da Leitura é uma iniciativa que tem contado com o envolvimento das escolas, dos municípios e das comunidades em atividades de crescente diversidade e criatividade na celebração da leitura e dos livros. Dando continuidade a este entusiasmo coletivo na promoção dos hábitos e das competências de leitura, propõe-se que, na sua 7ª edição, a Semana da Leitura se centre no tema «O Mar». A fim de contribuir para uma atempada planificação do trabalho a desenvolver pelas escolas no ano letivo 2012/13, cada agrupamento de escolas/escola não agrupada poderá, em função do seu projeto educativo e do contexto em que se insere, promover atividades que, a partir de leituras diversas, abordem questões atuais e transversais relacionadas com este tema, de forma contextualizada e significativa para a população escolar e para as comunidades em geral, constituindo-se como um contributo para a consolidação de conhecimentos gerais e específicos, para a troca de experiências de leituras e para o enriquecimento cultural global."

Assim, deixamos-te, em seguida, um poema sobre esta temática, da autoria de Sophia de Mello Breyner Andresen, e desafiamos-te a enriquecer o nosso blogue com outras mensagens – textos, desenhos, fotografias…


Mar sonoro

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. 
A tua beleza aumenta quando estamos sós 
E tão fundo intimamente a tua voz 
Segue o mais secreto bailar do meu sonho. 
Que momentos há em que eu suponho 
Seres um milagre criado só para mim.

                                                   Sophia

Para saberes mais sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, clica aqui.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DESIDERATA

Num tempo de turbulência e de reinício, é oportuno "ouver" o ator Ruy de Carvalho a declamar   "Desiderata" (palavra latina que significa "o que é desejado", ou, em inglês, "desired things"), um belíssimo texto do poeta norte-americano Max Ehrmann.
Vale a pena "ouver" com atenção!


Para leres o texto de Max Ehrmann, em inglês e português, clica aqui .

Também podes apreciar a banda desenhada que se segue, onde "Desiderata" se mistura com o humor:





terça-feira, 4 de setembro de 2012

50 LIVROS QUE TODA A GENTE DEVIA LER

  

      Se de repente tivesses de partir para uma ilha deserta na companhia de alguns livros, quais escolherias?
      Se seria para ti difícil escolher, deixamos-te o endereço da lista das 50 obras escolhidas por Ana Cristina Leonardo, Clara Ferreira Alves, Henrique Monteiro, José Mário Silva, Luísa Mellid-Franco e Pedro Mexia, entre as quais figuram obras extraordinárias de vários autores portugueses e clássicos da literatura universal:


    Como é referido num texto publicado na revista “Atual” de 18 de Agosto, “Não há listas perfeitas. Escolher 50 livros (ou 100) implica sempre deixar de fora muitas obras igualmente importantes - ou até mais importantes - que poderiam com toda a justiça estar no lugar destas. Conscientes de que é impossível agradar a gregos e a troianos, pretendemos fazer uma seleção equilibrada, com natural predomínio dos clássicos (essas obras que já passaram o crivo do tempo e entraram no cânone), mas também com algumas apostas pessoais dos colaboradores, escolhas talvez menos óbvias e que esperamos possam corresponder a surpresas e descobertas.
      Estes 50 títulos foram fixados após um processo de sobreposição de várias listas. A ordem em que aparecem não reflete qualquer juízo de valor comparativo. E uma coisa é certa: mais ou menos consensuais, todos os livros sugeridos têm uma qualidade literária acima de qualquer suspeita.”
      
      Desafiamos-te a enriquecer esta lista com as tuas obras de eleição!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CONVITE: EXPOSIÇÃO DE LIVROS MINIATURA NA BMAG

É com muito agrado que reproduzimos aqui o convite da Biblioteca Municipal Almeida Garrett para uma visita a uma grande exposição sobre livros pequeninos: 



   "Vimos convidar todos os interessados a estarem presentes na inauguração da Grande exposição de Livros Miniatura, a 6 de Setembro, pelas 15:00, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett - Galeria do Palácio. 
    Esta exposição integra 537 volumes. Abarca toda a história dos Livros Miniatura, incluindo um exemplar do mais antigo tipo de livro miniatura conhecido – uma pequena placa de argila em escrita cuneiforme datado de cerca de 2000 a.C até à actualidade, com um livro de artista criado em 2009. 
    Esta foi uma acção sugerida pela DGLB, como prémio pela nossa participação e organização do Concurso Nacional de Leitura (CNL 2012), realizado a 24 de Abril, [na qual a nossa escola também esteve representada]  uma mega iniciativa que envolveu centenas de jovens que, em conjunto, deram corpo a mais uma importante acção de pratica continuada de promoção do livro e da leitura."

LER...PORQUE SIM!




No ano letivo que agora começa, gostaríamos que na nossa escola todos – alunos, pais, professores, funcionários – lessem. Lessem muito.

Queremos que todos visitem a nossa biblioteca, folheiem as páginas dos nossos livros, escolham aqueles que lhes agradarem e leiam. Muito. E falem, muito, de livros.

É preciso ler muito, por muitas razões: como nos lembra Daniel Pennac, um grande entusiasta da leitura, em Como um romance[…] é preciso ler para viver, é o que distingue do animal do bárbaro, do bruto ignorante, do sectário histérico, do ditador triunfante, do materialista bulímico, é preciso ler, é preciso ler! Para aprender, para avançar com os estudos, para nos informarmos, para saber de onde vimos, para saber quem somos, para conhecer melhor os outros, para saber para onde vamos, para conservar a memória do passado, para iluminar o nosso presente, para aproveitar as experiências dos nossos antepassados, para ganhar tempo, para nos evadirmos, para procurarmos um sentido para a vida, para compreender os fundamentos da nossa civilização, para satisfazer a nossa curiosidade, para nos distrairmos, para nos informarmos, para nos cultivarmos, para comunicarmos, para pôr em ação o nosso espírito crítico.”

É fundamental ler por todas estas razões. Ou simplesmente “Porque sim! Porque gosto!”

RECOMEÇO...

Em mais um recomeço, as palavras do poeta Miguel Torga.


Recomeça…. 
Se puderes 
Sem angústia 
E sem pressa. 
E os passos que deres, 
Nesse caminho duro 
Do futuro 
Dá-os em liberdade. 
Enquanto não alcances 
Não descanses. 
De nenhum fruto queiras só metade. 
E, nunca saciado, 
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar. 
Sempre a sonhar e vendo 
O logro da aventura. 
És homem, não te esqueças! 
Só é tua a loucura 
Onde, com lucidez, te reconheças… 

                                         Miguel Torga

Para saberes mais sobre este poeta transmontano, clica aqui.