sexta-feira, 24 de agosto de 2012

PARA REFLETIR ACERCA DA ESCRITA E DA LEITURA...


   


     «A  escrita  permite  entesourar  o  mundo inteiro. Scripta manent, o escrito permanece. [...]
     Aprender a ler é conseguir a chave para entrar num mundo novo, até então hermético. Proporciona uma alegre sensação de poder e de liberdade, que sentem sobretudo as pessoas mais velhas que aprendem. Ser analfabeto é um modo de escravidão, de paralisia ou de cegueira. [...]
     A leitura foi sempre considerada um perigo por todas as autoridades [...] porque é uma atividade emancipatória, o que é sempre perigoso. Livros e mágicos foram mandados para a fogueira com a mesma insistência. A Revolução Francesa foi uma revolução de leitores: 'Em Paris - diz uma testemunha - toda a gente lê. Todos os cidadãos, em especial as mulheres, andam com um livro no bolso. Lê-se no coche, a andar, no teatro durante o intervalo, no café, na casa de banho'.».
Marina & Válgoma (2007). A magia de ler. Porto: Âmbar.
URL da imagem:http://4.bp.blogspot.com/-QG1dN6JfnB4/
TmarGBAz-LI/AAAAAAAAAFg/CnX_M6Os27k/s1600/pergaminho.jpg 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

UM MOMENTO DE HUMOR...

funny pictures - Animal Memes: Condescending Literary Pun Dog - You're Smoking Too Much Potter


URL da imagem: http://icanhascheezburger.files.wordpress.com/2012/06/funny-pictures-animal
-memes-condescending-literary-pun-dog-youre-smoking-too-much-potter.jpg

DESAFIO: TRAILER DO TEU LIVRO PREFERIDO

     Certamente já viste o trailer de muitos  filmes ou jogos, mas, provavelmente, ainda não tiveste a oportunidade de ver o trailer de um livro, que à semelhança dos trailers dos filmes ou jogos é um vídeo de curta duração contendo a montagem de cenas de determinado filme ou jogo com o intuito de despertar o interesse do público para a obra que será lançada.
     Pois bem: embora não seja comum verem-se trailers de livros, na realidade eles já existem. É o caso do trailer do livro Manuscrito encontrado em Accra de Paulo Coelho, que será lançado a partir de novembro deste ano, em diversas línguas e que te apresentamos aqui:


DESAFIO:


     E agora que já viste um ótimo exemplo, que tal fazer o trailer do livro da tua vida? 
     Não necessita de ser tão sofisticado. Podes usar o Slideshare ou o Photo Story, ferramentas ao teu dispor na internet. 
     Experimenta despertar o interesse dos teus familiares, amigos, colegas e professores para a leitura do TEU livro preferido!

sábado, 11 de agosto de 2012

OUTRO OLHAR SOBRE A TUA CIDADE

No blogue «o porto de hélder pacheco: 25 anos de escrita sobre a cidade» encontras textos belíssimos  acerca  da  cidade  invicta. Deixamos-te apenas um excerto, que, esperamos, te aguce a curiosidade para leres muitos outros.


Ah! Ver o Porto…

     "Ah! Ver o Porto… Ver o Porto é – sempre ou quase – reencontrar imagens de certa forma de cidade escondida, que conservamos dentro de nós. Imagens densas, impenetráveis como neblinas envolvendo as manhãs.
     Imagens de crepúsculos nos outonos tingindo o casario, telhados, clarabóias, águas-furtadas, torres, lanternins e chaminés de S. Nicolau, Vitória e Miragaia. Tingindo-os e misturando a suavidade de cores indefinidas, de cores esbatidas sugerindo atmosferas que as palavras não conseguem (ou não podem) descrever: púrpuras e cobaltos desmaiados ou brevemente laranjas. Violetas-cinza penetrados por claridades que produzem brilhos leves nas vidraças das janelas. Imagens de entardeceres vistos da Ponte, do Jardim do Morro, da Serra do Pilar, pontilhados de luzes, milhares de luzes refletidas nas águas do rio.
     Ah! Ver o Porto…Ver o Porto é – sempre ou quase – um ajuste de contas. É um acertar das nossas perceções com as imagens de certa forma de perenidade que guardamos num recanto da memória (ou talvez da fantasia), dentro de nós. Imagens das escuridões eivadas de sobressaltos e inquietudes (ou solidões) quando anoitece. Quando anoitece e aumenta aquela impressão subjetiva – será do granito e das morrinhas ou é apenas sentimento? – da cidade sombria e húmida, da cidade agreste e desabrida. Imagens de tonalidades frias dos invernos do noroeste, mesclados de azul esbranquiçado e verde, em transparências, em velaturas de suaves e quase impercetíveis gradações.
Imagens concretas. Imagens afirmativas dos lugares onde a História assentou raízes. Nas marcas dos tempos, nas evocações das crónicas e lendas retidas no imaginário persistente nos habitantes. Imagens de ruas e travessas, escadas e recantos, vielas, becos e esquinas com referências, com espírito e razão sedimentados nos séculos.
     Dantes, os rabelos vinham, às centenas, rio abaixo, até à Ribeira, carregando sangue do comércio que fez prosperar a cidade. E agora? Agora estão ali, feitos silhuetas melancólicas e nostálgicas, pousando num rio agredido de que restam, apenas, a poesia e as recordações. Recordações da azáfama dos vapores e batelões, barcaças e caícos. Nostalgias de um rio de que restam, apenas, névoas e gaivotas. E restam, no Cais de Vila Nova, barcos sobreviventes dos tempos da epopeia de descer o rio, reconstruídos com os últimos saberes que persistem nos mestres dos estaleiros de Rei Ramiro.
     Ah! Ver o Porto…Ver o Porto é permanecer fiel a um certo, subtil e indizível sentimento de viver, de pertencer a um território com caráter e tradição.
     Ah! Ver o Porto…Ver o Porto é guardar imagens da luz e da atmosfera que, em algumas horas e em certos dias, envolve, define ou atenua os contornos do burgo: morros e torres, maciços verdes e muralhas, pontes e palácios, margens e cais.
     Ah! Ver o Porto, eis o desafio para olhar e reter os encantos e magias que sobrevivem na cidade inesquecível que aí está, à espera da nossa descoberta, da nossa nostalgia e da nossa paixão. Porque, afinal – confirmando Saint-Exupéry ao escrever que o essencial é invisível para os olhos -, ninguém, acho eu, pode ver (e entender) o Porto senão com o coração."

Hélder Pacheco, em http://helderpacheco.wordpress.com/cronicas/ah-ver-o-porto%E2%80%A6/
(Texto adaptado de acordo com a nova grafia)
URL da  imagem:http://2.bp.blogspot.com/-gTvJF7EIbEY/TqHBCseYw7I/AAAAAAAAWWY/XqkPzIjGQaQ/s1600/DSCN0947.jpg 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

EUGÉNIO DE ANDRADE E O PORTO

     Para que conheças melhor a cidade do Porto e as suas gentes, deixamos-te um excerto de A Cidade de Garrett, da autoria do patrono do nosso agrupamento de escolas - Eugénio de Andrade.
     Pretexto para uma visita a um dos locais mais pitorescos da cidade em tempo de férias? Por que não?


     "Diz-se, e eu acredito, que é na Ribeira que pulsa o coração do burgo. Aqui podes ainda ouvi-lo bater como no tempo do senhor D. João I, ou de seu filho D. Henrique, que também por aqui andou a arrebanhar homens, navios e cabedais para as suas empresas, afirmando Zurara que «era ali o tráfego tamanho em aquela ribeira que, de dia nem de noute, nunca estava só nem os marinheiros não eram pouco cansados em arrimar tamanha multidão de frasca». É exatamente aqui, no meio destas criaturas, que não serão atraentes pela sua beleza mas por certa rudeza e orfandade, embora possam de vez em quando surpreender-nos por uma natural e insuspeitada gentileza, é aqui, dizia eu, que poderás encontrar ainda alguns herdeiros dos gestos e das falas de gerações e gerações de barqueiros e estivadores, de regateiras e carrejões, gente que vivia quase só do rio e do mar, mais parca de haveres que de sentimentos, com muitas pragas na boca e alguns pedacinhos de sal nos cabelos, porque naqueles tempos o rio entrava-lhes pela casa, e ao cais atracavam todos os dias embarcações vindas de muitas partes, carregando e descarregando vinho e peixe, azeite e fazendas, fruta e carvão. E o que não traziam os barcos vinha em carros de bois porque a ribeira sempre foi mercado: de flores, fruta, hortaliça, pão «e qualquer outro género de comestivo», como refere a antiga postura municipal. E o mercado era debaixo das arcadas, não só por causa do tempo, que nesta cidade nunca foi amável, mas também pelo vinho verde e pelas iscas, que ali ficavam mais à mão.
     Embora a Ribeira já não seja assim – agora tem turistas, restaurantes com nome francês, barracas de bugigangas pregadas ao chão, vira-ventos de plástico, louças de Barcelos, mantas alentejanas… - lá para o fim da tarde, a praça fica mais limpa e dá ainda algum gosto vê-la: as pombas vieram por aí abaixo juntar-se às gaivotas, dois ou três pescadores infindamente parados sonham com tainhas e bogas e enguias, de que o rio já foi farto, e há aqueles garotos correndo atrás de uma bola até à demência, enquanto outros, quando o calor aperta, se despem e lançam à água, indiferentes às grandes manchas de óleo [...]."

Eugénio de Andrade, A Cidade de Garrett
URL da imagem:http://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/41313678.jpg 


Para saberes mais sobre a vida e obra de Eugénio de Andrade clica aqui.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

VALE A PENA PENSAR NISTO...



De mais um livro que vale a pena ler: Pitágoras, o filho do silêncio, romance histórico de Benigno Morilha.

"Quem se sente vazio por dentro adorna-se por fora com colares, pulseiras, brincos e toda a espécie de ornamentos. Uma tal pessoa é como um pavão que abre a cauda em forma de leque, aparentando um poder e uma beleza que não possui se não se socorrer deste artifício. Mas quem por dentro se cultiva e descobre um tesouro no seu modo correto de pensar, bem como nos seus nobres sentimentos, não só não necessita de adornos que obnubilam as almas cândidas, como nem sequer repara neles; sente sobejamente que as qualidades daqueles que as possuem cintilam através dos seus olhos, das suas palavras e até quando se calam."

Para saberes mais sobre Pitágoras, divulgador do mais famoso teorema matemático, clica aqui.


URL da imagem: http://nematmontemor.planetaclix.pt/Pitagoras_ficheiros/image002.jpg

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

MANIFESTO AO PRAZER DE LER


     Através das palavras belas e irónicas de Guiomar de Grammont – historiadora, escritora, dramaturga e filósofa brasileira, nascida em 1963 na cidade de Ouro Preto, no estado brasileiro de Minas Gerais, somos conduzidos à reflexão sobre as razões pelas quais deveríamos ler. Ler muito.
     Delicia-te!


Guiomar de Grammont  200x300 Guiomar de Grammont | BiografiaLer devia ser proibido
    
       “A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
     Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
     Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
     Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
     Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
     Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
     Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
     Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
     É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
     Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
   Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
    Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos… A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
    Ler pode tornar o homem perigosamente humano.”
Guiomar de Grammont, 
em http://www.leialivro.com.br/ler-devia-ser-proibido/#axzz22Nvbst4L 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

AS SUGESTÕES DOS LEITORES DO "PÚBLICO"


 
   É tempo de férias, para muitos o período ideal para ler. 
   Caso já tenhas esgotado o stock guardado para esta época do ano, deixamos-te aqui o resultado do desafio lançado pelo jornal “Público” aos seus leitores na semana passada, do qual resultaram dezoito títulos, apresentados em seguida por ordem alfabética. 
   Ótimas leituras!




   - “15 Portugueses Ilustres”, Paulo Marques, Porto Editora
   - “1Q84”, Haruki Murakami, Casa das Letras
   - "A Confissão da Leoa", Mia Couto, Caminho
   - “Abraço”, José Luís Peixoto, Quetzal
   - "Agarrem-me ou dou cabo desses palhacitos!”, Rafeiro Perfumado, Bizâncio
   - “Ar de Dylan”, Enrique Vila-Matas, Teodolito
   - “Cadernos do Chade - Dias de Pó na Fronteira do Darfur”, Sandra Ferreira, Tinta-da-China
   - “E a Noite Roda”, Alexandra Lucas Coelho, Tinta-da-China
   - “Mataram a Cotovia”, Harper Lee, Relógio D'Água
   - “Nos Destroços de um Naufrágio”, João Moura, Papiro Editora
   - "Notas de Viagem", Maria João Castro, Chiado Editora
   - “O Filho de Mil Homens”, Valter Hugo Mãe, Alfaguara
   - “O Teu Rosto Será o Último", João Pedro Ricardo, Leya
   - "Os Cadernos de Pickwick", Charles Dickens, Tinta-da-China
   - “Poesia", Daniel Faria, Assírio & Alvim
   - “Porta da Baía”, João Oliveira Lopes, Chiado Editora
   - "Teoria Geral do Esquecimento", José Eduardo Agualusa, Dom Quixote
   - "Todos os dias são meus", de Ana Saragoça, Editorial Estampa