domingo, 27 de abril de 2014

VASCO GRAÇA MOURA: HOMENAGEM A UM RENASCENTISTA DOS SÉCULOS XX E XXI

     

     Foram várias as vezes que citámos Vasco Graça Moura neste blogue. Porque o admiramos. Muito. No entanto, é chegada a hora de lhe prestarmos homenagem no dia da sua partida. Fazemo-lo com tristeza. 
     Pelas múltiplas atividades que exerceu – foi poeta e tradutor de grandes poetas (Racine, Corneille, Dante, Molière, Shakespeare, …), romancista, ensaísta, dramaturgo, cronista, antologiador, historiador honoris causa, advogado, político, gestor cultural – Vasco Graça Moura foi considerado “ um improvável espírito renascentista encarnado neste presente um pouco caótico de mais para o seu assumido gosto pela ordem e pela disciplina” (ler + AQUI), e, pelos livros e ensaios que escreveu, foi agraciado com diversos prémios, dos quais se destacam o Prémio Pessoa, o Prémio Vergílio Ferreira, o Prémio de Tradução 2007 do Ministério da Cultura de Itália e a Coroa de Ouro do Festival de Poesia de Struga. 
     Vasco Graça Moura – natural do Porto, onde nasceu a 3 de janeiro de 1942, também tratou os temas do amor e da morte e é com o “soneto do amor e da morte” que finalizamos esta humilde mas merecidíssima homenagem.

soneto do amor e da morte 

quando eu morrer murmura esta canção 
que escrevo para ti. quando eu morrer 
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer 
a revoar na minha solidão. 

quando eu morrer segura a minha mão, 
põe os olhos nos meus se puder ser, 
se inda neles a luz esmorecer, 
e diz do nosso amor como se não 

tivesse de acabar, sempre a doer, 
sempre a doer de tanta perfeição 
que ao deixar de bater-me o coração 
fique por nós o teu inda a bater, 
quando eu morrer segura a minha mão.

                                                                    Vasco Graça Moura, 
                                                       Antologia dos Sessenta Anos

Ler + AQUI e AQUI.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pelo seu comentário!