segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ALICE HERZ-SOMMER: "FOI A MÚSICA QUE ME SALVOU!"


    Talvez nunca tenhas ouvido falar de Alice Herz-Sommer. Porém, é possível que, doravante, não esqueças o nome desta mulher invulgar, que faleceu ontem, 23 de fevereiro, com 110 anos.
   Considerada a sobrevivente mais idosa do holocausto, aos 108 anos Alice Herz-Sommer ainda praticava piano durante 3 (três!) horas por dia, havendo uma razão bem forte para que não abandonasse a música…
     A sua vida não foi fácil: aos 83 anos sobreviveu a um cancro, mas durante a Segunda Guerra Mundial sobreviveu a algo ainda mais terrível: o campo de concentração de Theresienstadt, para onde foi enviada devido às suas raízes judias. Testemunhou aí a morte de sua mãe e de seu marido.
   Nascida no seio de uma família abastada e culta, quando jovem, Alice contactou com escritores, como Franz Kafka, e compositores, como Gustav Mahler, mas foi a sua irmã mais velha, Irma, que a ensinou a tocar piano, seguida de Artur Schnabel, pianista e compositor austríaco, que a encorajou a seguir uma carreira na música clássica. 
   Aquando do domínio de Praga pelos nazis, não era permitido a Alice tocar em público, participar em concursos ou ensinar a alunos não judeus. No entanto, o mesmo não aconteceu enquanto esteve presa em Theresienstadt: ali, como a pianista lembra na sua biografia – A Garden of Eden in Hell (Um Jardim do Paraíso no Inferno), os judeus tinham de tocar porque a Cruz Vermelha visitava o campo de concentração três vezes por ano e os alemães tinham de mostrar aos seus representantes que a situação dos judeus naquele campo era boa. Assim, sempre que Alice sabia que haveria um concerto, sentia-se feliz. Nesses momentos, os músicos atuavam perante uma plateia de 150 pessoas famintas, doentes, desesperadas e gastas, mas Alice sentia-se feliz, porque aquelas pessoas viviam para a  música, que, para elas, era como comida.
     Não é, pois, de espantar que Alice tenha dito: “Foi a música que me salvou!”


Observa e escuta Alice Herz-Sommer no filme que se segue!
Sente o entusiamo desta mulher notável quando falava de música, que para ela significava - também - "milagre", "plenitude", "sonho" e "beleza".





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