quinta-feira, 8 de outubro de 2015

EM VIAGEM COM O PROFESSOR ANDRÉ MATIAS

O professor André Matias e a coordenadora do departamento
de línguas, Ana Margarida Penha, a quem competiu a apresentação 
da palestra «As Línguas, a Literatura  e Eu em Viagem» 
aos alunos de 8.º e 9.º  anos presentes  no anfiteatro da nossa escola.
Viajamos com diferentes objetivos e assumindo distintas condições: somos turistas quando, apressados e de máquina fotográfica em punho, saltamos de rua em rua e de cidade em cidade a reboque de um mapa ou de um guia-turístico; somos peregrinos (do latim «per agros» - pelo campo) quando, essencialmente, buscamos uma mudança interior; assumimo-nos viajantes quando sabemos onde queremos chegar, mas desconhecemos a duração ou o percurso da viagem e, por isso mesmo, muitas vezes até nos perdemos nos labirintos da vida. Na realidade, ninguém viaja verdadeiramente sem se perder no percurso. Na realidade, a viagem é a própria vida. 
Estamos constantemente em viagem e somos constantemente outros, transformados por todas as coisas que vemos e por todas as pessoas que passam por nós, como disse outrora o poeta Teixeira de Pascoaes e como nos lembrou hoje André Matias, professor de Espanhol na nossa escola, que nos levou a viajar a bordo das línguas, das literaturas e das palavras de grandes poetas portugueses e estrangeiros, como Miguel Torga ou Antonio Machado, conduzindo-nos rumo a países longínquos, reais e imaginários, na companhia  de grandes viajantes, como Gilgamesh, Ulisses ou Nils Holgersson.


GRANDES VIAJANTES DE TODOS OS TEMPOS

 
Ulisses e as sereias
Imagem via Cocanha
Falar sobre viagens implica necessariamente falar de grandes viajantes, pelo que fomos apresentados a heróis de todos os tempos e de todas as latitudes, dos mais famosos aos mais desconhecidos:
▪ À Suméria, grande civilização da Antiguidade, o professor André  foi buscar Gilmanesh, o primeiro grande viajante, cuja epopeia chegou até nós  num poema gravado em doze placas de escrita cuneiforme.
▪ Da Grécia, trouxe-nos o viajante por excelência – Ulisses ou Odisseu – que se perdeu numa penosa viagem de dez intermináveis anos, afastado da sua amada Penélope, assim como os Argonautas, na sua perigosa expedição rumo a Cólquida em busca do velo de ouro.
▪ Fomos, em seguida, até à Rota da Seda, com o veneziano Marco Polo, e foi com o florentino Dante Alighieri – homem louco ou homem cheio de imaginação? – que nos perdemos numa “selva escura”, descemos ao inferno e ascendemos ao nono céu.
▪ Conhecemos, depois, Ibn Battuta, que fez uma longa viagem de mais de 150 000 quilómetros, durante 30 anos!
▪ Os heróis lusos celebrizados pela epopeia camoniana (onde ecoam as palavras de outra epopeia mais antiga – a  Eneida  de Virgílio), assim como a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, representaram-nos nesta viagem pelas viagens.
▪ Com Nils Holgersson partimos à descoberta da história e da geografia da Suécia, mas foi com Alice que chegamos ao país das maravilhas da sua fértil imaginação infantil.

UMA CRÓNICA E UM PAINEL DE AZULEJOS: MOTES PARA UMA GRANDE VIAGEM

Infante D. Henrique na conquista de Ceuta, s.XV.JPG
"Infante D. Henrique na conquista de Ceuta, s.XV" por HombreDHojalata - Obra do próprio.
Licenciado sob CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
Falar sobre viagens implica também recordar as viagens sonhadas, planeadas e vividas, e o professor André, que evocou as palavras bíblicas de Ben-Sirá para justificar a utilidade das viagens («Aquele que viajou conhece muitas coisas…»), mas também Antonio Machado («Caminante no hay camino») e Miguel Torga («Aparelhei o barco da ilusão»), partilhou connosco a viagem de mota que fez a Ceuta, passando por locais significativos na vida do Infante D. Henrique: partiu do Porto, passou por Tomar, Constância (onde uma árvore da canela traz memórias de outros tempos), castelo de Almourol, Santarém, Sagres, Lagos e Huelva e terminou a viagem em Ceuta, onde, há seis séculos, o Infante «esteve duas horas a apanhar com setas nas canelas». 
Tudo isto porque aprendeu línguas que lhe permitiram comunicar com habitantes de outros povos.
Tudo isto porque, sempre que passava na estação de S. Bento, ficava fascinado com aquela figura imponente que um painel de azulejos lhe oferecia.
Tudo isto porque leu, na sua adolescência, a Crónica da Tomada de Ceuta por El-Rei D. João I, de Gomes Eanes de Zurara.
Lê-a também tu, AQUI, e inspira-te para grandes viagens!

1 comentário:

  1. A palestra levou-nos, de facto, numa viagem fantástica pelas línguas, literaturas e grandes viagens míticas ou reais!

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