sexta-feira, 29 de abril de 2016

SEMANA DA LEITURA: TESTEMUNHO DE LEITORES| DIA 4 (PARTE I)


Hoje, quarto dia da Semana da Leitura, recebemos, na sala C3, Sofia Araújo, que foi professora estagiária na nossa escola e é doutorada em Literatura. Veio falar com o 5.º C sobre o papel dos livros na sua vida e interagiu com os alunos procurando saber o que achavam da escola, da biblioteca e dos livros.
Começou por lhes dizer que esta escola é especial para ela, uma vez que foi aqui que passou de aluna a professora. Hoje ensina gente crescida, futuros professores, e também faz teatro. Logo foi interrompida por um aluno que lhe disse que estava a aprender o texto dramático nas aulas de Português e gostava muito. Claro que ela quis saber, quase em tom de sigilo, “que ninguém estava a ouvir”, quem é que não gostava mesmo de ler. Num universo de 15 alunos, 1/3 terá levantado o dedo. Foi nessa altura que lhes falou dos 10 mandamentos do leitor ( o leitor tem direito a desistir do livro, a começar a ler pelo meio, pelo fim…), e também do que podem ganhar se pensarem no livro como objeto de prazer. “Com pasta de madeira e tinta podemos viajar para qualquer lado, pois os livros abrem sempre portas”. Seguiu-se então uma agradável conversa sobre o livro favorito de cada um e o prazer de ler. A nossa convidada conseguiu cativar os alunos, muitos deles com poucos hábitos de leitura, fazendo analogia com o jogo “Cluedo”. Muitas vezes quando se lê um livro policial,   apressamo-nos a acabar a leitura para descobrir o assassino. E se a leitura for feita em conjunto, num intervalo, num “furo” transforma-se numa espécie de jogo em que para uns o mau é a personagem X, para outros a Y e para muitos a Z! A propósito da coleção ”O Estranhão” dois alunos tinham interpretações diferentes e isso deve-se, no entender de Sofia, à riqueza da personagem principal que gera no leitor sentimentos e emoções diversas. E isso acontece com muitos livros. Aliás, segundo ela, “uma das vantagens dos livros é que sendo tão diferentes uns dos outros, podemos usá-los com diferentes objetivos e em diferentes momentos. Os livros são sempre prendas fantásticas, mais ainda quando se lhes junta uma dedicatória.” A propósito de policiais falou-se sobre Agatha Christie e as máximas do seu detetive, Hercule Poirot, que muito destacava as pequenas células cinzentas, quando se referia ao seu próprio raciocínio.
Foi interessante verificar que há livros que vão cativando diferentes gerações. A coleção “Uma aventura”, por exemplo, que hoje encanta muitos dos nossos alunos, foi uma das primeiras paixões de Sofia, que aguardava sempre com ansiedade a saída de um novo livro das autoras, o que acontecia normalmente de 6 em 6 meses.
A propósito do seu nome “Sofia”, confidenciou-nos que quando leu “ Os desastres de Sofia” ficou irritada, porque sendo Sofia, achava que todas as Sofias eram maravilhosas.
A conversa não podia deixar de passar pela banda desenhada, recaindo a escolha dos alunos em coleções como “ Mafalda” e “A turma da Mónica”. Uma das alunas, cujo autor favorito é Quino, explicou por que motivo adora a Mafalda, acha divertida a forma como ela brinca com as situações do dia-a-dia e os amigos dela representam pessoas que existem no mundo. Há os que adoram dinheiro, os que são egoístas… A nossa especialista em livros aproveitou para falar da obra” O monte dos vendavais” cuja autora nunca saiu de casa e no entanto conseguiu entender o mundo tão bem que qualquer leitor se identifica com pelo menos uma personagem do livro.  Falou-se ainda de Shakespeare e uma aluna sabia que se comemoravam os 400 anos do seu falecimento. Que bom termos jovens atentos a estes factos!
Foi um momento bem passado e os alunos adoraram. Tanto, que alguns ficaram uma parte do intervalo a fazer-lhe perguntas e a folhear os livros que trouxe para lhes mostrar. 


Texto: Prof.ª Luísa Fonseca

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