“Há coisas que eu sei porque outros mas disseram. […]
Existem outras coisas que sei porque as estudei. Das recordações confusas da geografia da minha infância, tenho a noção de que a capital das Honduras espantosamente se chama Tegucigalpa. Os meus poucos estudos de geometria convenceram-me de que a linha reta é a mais curta distância entre dois pontos, enquanto que as linhas paralelas apenas se unem no infinito. Suponho que também ainda me lembro que a composição química da água é H2O. Como aprendi francês desde pequeno, posso dizer «j’ai perdu ma plume dans le jardim de ma tante» para informar um francês que perdi a minha caneta no jardim da minha tia (coisa que, por certo, nunca me aconteceu). Infelizmente não fui muito estudioso porque poderia ter obtido muitos mais conhecimentos pelo mesmo método.
Existem outras coisas que sei porque as estudei. Das recordações confusas da geografia da minha infância, tenho a noção de que a capital das Honduras espantosamente se chama Tegucigalpa. Os meus poucos estudos de geometria convenceram-me de que a linha reta é a mais curta distância entre dois pontos, enquanto que as linhas paralelas apenas se unem no infinito. Suponho que também ainda me lembro que a composição química da água é H2O. Como aprendi francês desde pequeno, posso dizer «j’ai perdu ma plume dans le jardim de ma tante» para informar um francês que perdi a minha caneta no jardim da minha tia (coisa que, por certo, nunca me aconteceu). Infelizmente não fui muito estudioso porque poderia ter obtido muitos mais conhecimentos pelo mesmo método.
Mas também sei muitas coisas por experiência própria […] De tal modo que a experiência me ensinou que posso sentir, padecer, gozar, aguentar, sofrer, dormir e até sonhar.”
Fernando Savater, As perguntas da vida
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