sexta-feira, 26 de setembro de 2014

26 DE SETEMBRO – DIA EUROPEU DAS LÍNGUAS


A Europa encerra um verdadeiro tesouro linguístico: há, no nosso continente, 23 línguas oficiais e mais de 60 línguas regionais ou minoritárias, para além das línguas faladas por pessoas oriundas de outros continentes a residirem na Europa.
Precisamente com o objetivo de celebrar este património riquíssimo e a diversidade linguística, mas também para motivar os cidadãos para a aprendizagem das línguas e promover o multilinguismo, celebra-se hoje o “Dia Europeu das Línguas”.
Os docentes do departamento de línguas da nossa escola também não ficaram indiferentes a esta data, pelo que incitaram os alunos a pesquisarem informação acerca deste tema e, durante o dia de hoje, para além de poderes observar os cartazes afixados na vitrina do polivalente ou junto ao auditório, poderás assistir a pequenas representações de diversas turmas em vários espaços da escola.

Nós convidamos-te também a ler textos de diversos autores sobre a importância de aprender as línguas europeias em geral e a língua portuguesa em particular.




«A minha pátria é a língua portuguesa, escreveu, profeticamente, Fernando Pessoa. O seu génio expressou-se também, inúmeras vezes, em língua inglesa – mas aquele que viria a tornar-se o mais internacional dos escritores portugueses sabia que cada língua tem a sua cor, a sua luz e a sua música própria, e que a sua arte da escrita consiste em levar para lá dos limites convencionais os dons expressivos da cada língua. A sua primeira originalidade foi essa: a de se entregar ilimitadamente à sua língua, sem complexos de mando nem de escravo. Por isso escreveu sobre o conhecido e o desconhecido, o alto e o baixo, a estética e o comércio, a política e a astrologia.
Criou uma constelação de heterónimos e semi-heterónimos – incluindo uma extraordinária Maria José – que lhe permitiram explorar, visceralmente, as mais diversas possibilidades do ser. E foi, evidentemente, um poeta inultrapassável – o tempo paralisa-se diante dos seus textos, sempre inscritos numa verdade futura. Semeador de papéis com um único livro publicado em vida («Mensagem»), sonhador de impossíveis que jamais se deixou esmagar pela monótona incompreensão do seu tempo, Fernando Pessoa deixou uma obra múltipla e incisiva, que continua a surpreender-nos, a seduzir-nos e, acima de tudo, a desafiar-nos a quebrar as barreiras do corpo e da alma, da vida e do sonho, da reflexão e dos sentimentos. Uma obra absolutamente universal.»

Inês Pedrosa




ESTÁ NA MODA APRENDER PORTUGUÊS

     Na China, na Africa do Sul ou na Namíbia e, pasme-se, aqui mesmo ao lado, em Espanha, o português esta em expansão. Ao ponto de Carlos Reis, filologo, afirmar que, se tivesse de fazer sugestões sobre onde criar uma escola portuguesa de excelência, apontaria Madrid como uma seria candidata. Só depois Paris e São Paulo.
     Em Espanha, em 20 anos, passou-se de 100 para mais de 10 mil alunos. Destes, 72 por cento são Espanhóis. Há um refrescamento da imagem de Portugal. Figo tem alguma coisa a ver com isso, diz o Professor.
     Os dados constam de um estudo sobre a internacionalização da língua portuguesa, coordenado por este Professor de Coimbra e reitor da Universidade Aberta.
Os números do português, na verdade, já impressionam: 244 milhões de falantes em todo o mundo, entre os habitantes dos oito países que tem este idioma como língua oficial e os membros da diáspora.
      O Brasil conta com uma percentagem esmagadora, mas, em Africa, o português já e a terceira língua mais falada. Aí contam, sobretudo, Angola e Moçambique e a sua cada vez maior influência na parte sul do continente: 35 milhões tem hoje o português como língua de referência e, dentro de 20 anos, deverão ser 55 milhões. Quanto à China, o português já se tornou indispensável – para os negócios em Africa, claro.
Carlos Reis, todavia, põe algumas reticências nesta retórica triunfalista, como lhe chama: Estes são falantes de povos e países que, infelizmente, contam pouco no concerto internacional. O Professor não tem dúvidas de que este e um bom momento para se fazer a promoção do português, mas também sabe que uma língua tem escassas possibilidades de se internacionalizar enquanto os países não se afirmarem noutras instâncias, sejam elas políticas, económicas ou científicas.

Fonte: Expresso, 5 de Julho de 2008

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