Quando
se fala da “5.ª Avenida” (Fifth Avenue
ou 5th Avenue), pensa-se
imediatamente numa as avenidas mais movimentadas e mais caras de Nova Iorque. As
mansões históricas ladeiam muitos dos
pontos da avenida e as lojas luxuosas abundam ali, tornando a "5.ª Avenida" numa
das melhores ruas do mundo para fazer compras.
Porém,
se recuarmos até ao século XVI, quando Lisboa era a capital de um grande
império, a Rua Nova dos Mercadores seria a “5.ª Avenida” de então: ali
confluíam produtos e gentes dos mais diversos pontos do mundo, transformando a
capital portuguesa numa cidade global.
Dois
quadros recentemente encontrados numa mansão inglesa, da autoria de um holandês
anónimo, onde a Lisboa quinhentista é representada, mostram que “a Rua Nova dos
Mercadores era uma pequena Babel. Nos seus edifícios, moravam italianos,
flamengos, andaluzes, portugueses. Enquanto isso, naquela rua da Baixa de
Lisboa, cristãos-novos, judeus estrangeiros, escravos vindos de 20 nações
africanas, escravos árabes passeavam-se, muitos faziam trocas comerciais”. Lisboa
tinha, então, “uma grande população negra. E o quadro não mostra apenas a
população negra, mostra também os estrangeiros que ajudaram Lisboa a tornar-se
a grande cidade comercial que era no século XVI. Os quadros também mostram
animais. Há um cão que está a abocanhar uma ave. E é um peru. É uma ave que
veio da América e que os portugueses tornaram numa ave global, levando-a para a
Índia e para outras partes do mundo (…). Portugal tinha um império construído
durante os Descobrimentos, e um comércio único vindo do Oriente, de África e da
América, passava obrigatoriamente por Lisboa.”
A Rua
Nova dos Mercadores «media 286 metros de comprimento e 8,8 metros de largura.
“Aproximadamente, 45 edifícios estavam distribuídos de cada lado. A maioria dos
edifícios tinham uma ocupação múltipla, consistindo de três, cinco e seis
andares (…). Era no rés-do-chão dos edifícios que estava uma multitude de
lojas. Em 1552, existiam 11 livrarias, onde também se encontravam livros de
matemática, e 20 lojas de roupa e têxteis, onde se vendiam tecidos de veludo,
sedas, tecido adamascado, tafetás vindos da Europa, da Índia e do Extremo
Oriente. Em 1581, um ano após o início da dinastia filipina, existiam seis
lojas especializadas na venda de porcelana Ming chinesa, nove boticas – as
“farmácias” que na altura vendiam “produtos medicinais”, alguns importados da
Ásia, como pedras bezoares, que se formam no sistema digestivo dos ruminantes,
ou cornos de rinoceronte – além de artesãos, como alfaiates, calceteiros,
barreteiros ou sirgueiros.»
É precisamente
esta Lisboa cosmopolita o tema do livro
recentemente editado no Reino Unido The
global city. On the streets of the renaissance Lisbon (A Cidade Global – Nas
Ruas da Lisboa Renascentista), editado pelas historiadoras Annemarie Jordan
Gschwend, do Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar, a trabalhar na Suíça, e
Kate Lowe, da Universidade Queen Mary de Londres.
Se a
época áurea da história de Portugal desperta a tua curiosidade, talvez valha a
pena ler…
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