JULHO E AS COLHEITAS
Chegado
o mês de Julho, sob o sol ardente, trabalha-se nos campos e iniciam-se as
colheitas. Daquilo que se colhe decorre a dieta medieval. Esta era pouco
variada: pão, vinho e pouco mais. Trigo e cevada eram as variedades de cereais
cultivadas e haviam sido introduzidas pelos romanos. O pão era o alimento
fundamental e por, vezes único, para uma grande parte da população. O pão desta
época tinha um sabor mais forte do que o atual, visto que as farinhas não eram
tão refinadas e os fermentos (leveduras) eram outros. Para além do pão, quem
tinha mais posses comia quantidade astronómicas de carne. No que respeita às
hortaliças, o conhecimento era muito limitado (nabos, cebolas, alhos e pouco
mais) e a fruta que mais se consumia era a maçã.
Os
Árabes, contudo, comiam melhor. Para lá da fronteira, no Al-Andalus, o aspeto
da mesa era muito mais variado e divertido e os paladares eram tentadores.
Damascos, pêssegos, ameixas, laranjas, limões, variadas hortaliças e verduras
misturadas com carne e peixe, sopas com múltiplas combinações, saladas,
especiarias e condimentos. Coentros, tomilho, e outras ervas tornavam a gastronomia
árabe tão sedutora que rapidamente saltou as fronteiras religiosas e se
propagou por toda a Europa mediterrânica e não só. Tendo os árabes introduzido
a cana-de-açúcar na península Ibérica, também depois da invasão árabe, os doces
deixaram de ser exclusivamente fabricados com mel e tornaram-se mais variados:
surgiram as compotas e com estas uma forma de conservar a fruta fora de época.
Texto: Prof.ª Fátima Neto
Fonte: Revista SuperInteressante
Edição Especial História
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