domingo, 13 de janeiro de 2013

SOBRE O LIVRO, A PALAVRA, A ESCRITA, A LEITURA E A LIBERDADE...


Será preciso ler meia biblioteca para se escrever um livro? Muito provavelmente, sim! Seguramente, quem lê, lê muito, e ama os livros, escreve desta forma sobre o que ama:

No princípio, o livro em embrião, a palavra escrita que encerra todas as alteridades do Universo. 
Para sermos livres, lemos.
Lemos primeiro as árvores, as ondas, as labaredas, o vento. A seguir, o texto, que lhes oferece a coerência de que necessitam, ou que apenas existe para que se possam acomodar.
Depois a mão, para não esquecer, estiliza a escrita: tenta apanhar o recorte da folha, o marulhar da água, a dança do fogo e, acima de tudo, a liberdade do vento que tudo move e comove.
Para sermos livres, voltamos a ver, procurando as coisas que restaram na troca de palavras. O leitor faz-se para que as palavras escritas, as palavras pensadas e as palavras desejadas se possam encontrar.
A mão que segura o livro acaricia o lugar da mão que escreveu o mundo. As nossas duas mãos abertas são agora as folhas de um livro. E cada leitor é mais um par de folhas que se junta ao livro.
Para sermos livres, somos livros. Continuamente voltamos ao princípio, porque não há dois livros iguais, já que não há dois homens iguais.
Mas é possível traçar um roteiro de itinerâncias - da primeira palavra escrita ao seu desabrochar na plenitude de um livro não mãos de um leitor (...).

Texto de Isabel Pereira Leite e Maria Luísa Malato

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