Foram várias as vezes que citámos Vasco Graça Moura neste blogue. Porque o admiramos. Muito. No entanto, é chegada a hora de lhe prestarmos homenagem no dia da sua partida. Fazemo-lo com tristeza.
Pelas múltiplas atividades que exerceu – foi poeta e tradutor de grandes poetas (Racine, Corneille, Dante, Molière, Shakespeare, …), romancista, ensaísta, dramaturgo, cronista, antologiador, historiador honoris causa, advogado, político, gestor cultural – Vasco Graça Moura foi considerado “ um improvável espírito renascentista encarnado neste presente um pouco caótico de mais para o seu assumido gosto pela ordem e pela disciplina” (ler + AQUI), e, pelos livros e ensaios que escreveu, foi agraciado com diversos prémios, dos quais se destacam o Prémio Pessoa, o Prémio Vergílio Ferreira, o Prémio de Tradução 2007 do Ministério da Cultura de Itália e a Coroa de Ouro do Festival de Poesia de Struga.
Vasco Graça Moura – natural do Porto, onde nasceu a 3 de janeiro de 1942, também tratou os temas do amor e da morte e é com o “soneto do amor e da morte” que finalizamos esta humilde mas merecidíssima homenagem.
soneto do amor e da morte
quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.
quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não
tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.
Vasco Graça Moura,
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