Estamos constantemente em viagem e somos constantemente outros, transformados por todas as coisas que vemos e por todas as pessoas que passam por nós, como disse outrora o poeta Teixeira de Pascoaes e como nos lembrou hoje André Matias, professor de Espanhol na nossa escola, que nos levou a viajar a bordo das línguas, das literaturas e das palavras de grandes poetas portugueses e estrangeiros, como Miguel Torga ou Antonio Machado, conduzindo-nos rumo a países longínquos, reais e imaginários, na companhia de grandes viajantes, como Gilgamesh, Ulisses ou Nils Holgersson.
GRANDES VIAJANTES DE TODOS OS TEMPOS
Ulisses e as sereias Imagem via Cocanha |
▪ À Suméria, grande civilização da Antiguidade, o
professor André foi buscar Gilmanesh, o
primeiro grande viajante, cuja epopeia chegou até nós num poema gravado em doze placas de escrita
cuneiforme.
▪ Da Grécia, trouxe-nos o viajante por excelência –
Ulisses ou Odisseu – que se perdeu numa penosa viagem de dez intermináveis
anos, afastado da sua amada Penélope, assim como os Argonautas, na sua perigosa
expedição rumo a Cólquida em busca do velo de ouro.
▪ Fomos, em seguida, até à Rota da Seda, com o
veneziano Marco Polo, e foi com o florentino Dante Alighieri – homem louco ou
homem cheio de imaginação? – que nos perdemos numa “selva escura”, descemos ao
inferno e ascendemos ao nono céu.
▪ Conhecemos, depois, Ibn Battuta, que fez
uma longa viagem de mais de 150 000 quilómetros, durante 30 anos!
▪ Os heróis lusos celebrizados pela epopeia camoniana
(onde ecoam as palavras de outra epopeia mais antiga – a Eneida
de Virgílio), assim como a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, representaram-nos
nesta viagem pelas viagens.
▪ Com Nils Holgersson partimos à descoberta da
história e da geografia da Suécia, mas foi com Alice que chegamos ao país das maravilhas
da sua fértil imaginação infantil.
UMA CRÓNICA E UM PAINEL DE AZULEJOS: MOTES PARA UMA GRANDE VIAGEM
"Infante D. Henrique na conquista de Ceuta, s.XV" por HombreDHojalata - Obra do próprio. Licenciado sob CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons |
Falar sobre viagens implica também recordar as
viagens sonhadas, planeadas e vividas, e o professor André, que evocou as
palavras bíblicas de Ben-Sirá para justificar a utilidade das viagens («Aquele
que viajou conhece muitas coisas…»), mas também Antonio Machado («Caminante no hay camino») e Miguel Torga («Aparelhei o barco da ilusão»),
partilhou connosco a viagem de mota que fez a Ceuta, passando por locais significativos na vida do
Infante D. Henrique: partiu do Porto, passou
por Tomar, Constância (onde uma árvore da canela traz memórias de outros
tempos), castelo de Almourol, Santarém, Sagres, Lagos e Huelva e terminou a
viagem em Ceuta, onde, há seis séculos, o Infante «esteve duas horas a apanhar
com setas nas canelas».
Tudo isto porque aprendeu línguas que lhe
permitiram comunicar com habitantes de outros povos.
Tudo isto porque, sempre
que passava na estação de S. Bento, ficava fascinado com aquela figura
imponente que um painel de azulejos lhe oferecia.
Tudo isto porque leu, na sua adolescência, a Crónica da Tomada de Ceuta por El-Rei D. João I, de Gomes Eanes de Zurara.
Lê-a também tu, AQUI, e inspira-te para grandes viagens!
Tudo isto porque leu, na sua adolescência, a Crónica da Tomada de Ceuta por El-Rei D. João I, de Gomes Eanes de Zurara.
Lê-a também tu, AQUI, e inspira-te para grandes viagens!
A palestra levou-nos, de facto, numa viagem fantástica pelas línguas, literaturas e grandes viagens míticas ou reais!
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