segunda-feira, 1 de abril de 2013

LIVROS DO MÊS DE ABRIL

Em abril, águas e palavras mil...

ELOGIO DA CONVERSA, de Theodore Zeldin


     Theodore Zeldin acredita que o século em que vivemos necessita de uma nova ambição para desenvolver, não a conversa superficial, mas a verdadeira conversação, que «consiste na partilha de ideias e de sentimentos e que modifica as pessoas (…) que é incendiária e implica mais do que enviar e receber informação». Não pretende presentear-nos com mais um livro pretensamente sobre a conversa, com instruções sobre a maneira de adular ou de iludir, de seduzir ou de parecer atualizado. Não pretende oferecer-nos mais «uma coleção de receitas destinada a produzir um estilo de conversa que possamos exibir aos amigos».
     Na realidade, o autor está interessado no tipo de conversa «que iniciamos na disposição de nos tornarmos uma pessoa diferente quando a terminamos» que «envolve risco», e é «uma aventura em que nos dispomos a cozinhar o mundo juntos para o tornarmos menos amargo», sendo a forma «como ela modifica não só a nossa maneira de ver o mundo, mas também o próprio mundo» o aspeto da conversa que mais lhe interessa e, neste livro o autor pretendeu analisar a maneira como tal acontece. Por isso, aborda neste interessante livro – que existe na nossa biblioteca, oferecido pela Gradiva – temas tão interessantes como:
     • Que alternativas haverá para as banalidades que geralmente se utilizam para dar início a uma conversa?
     • Até que ponto será útil imitar os estilos de conversa de outras pessoas?
     • Como melhorar a capacidade de adivinhar o que as pessoas deixam de dizer?
     • Como podemos expressar admiração sem lisonja ou sem nos rebaixarmos?
     • Que idade precisamos de ter para conversar?
    •As recordações partilhadas serão um ingrediente necessário de uma conversa capaz de durar toda a vida?
     •Uma conversa bem sucedida será aquela que se desenrola exatamente como foi planeada?
    •Terá uma pessoa o emprego errado se não consegue partilhar as suas preocupações pessoais com os colegas?
     •Como poderia a formação técnica aumentar a sensibilidade poética?
     • Será verdade que demasiada informação provoca a síndroma do mocho irritável?
     Encontra as respostas a estas e outras perguntas lendo Elogio da conversa!

LEMBRO-ME QUE… , de Ferreira Fernandes


Inspirando-se, quer na forma, quer no espírito de Je me souviens… do francês Georges Perec (1936-1982) e de I Remember (1970), I Remember More (1972) e More I Remember More (1973) do americano Joe Brainard, Ferreira Fernandes desfia as recordações do ano de 1974, puxando um a um, como quem come cerejas, os acontecimentos dos dias que antecederam o 25 de Abril.
Deixamos-te aqui algumas dessas recordações:
2
Lembro-me que, no dia 1 de janeiro [de 1974], se tornou obrigatório o cinto de segurança, mas só nas aulas de condução. (No ano seguinte a medida foi revogada. E só em 1992 voltou a ser lei, dessa vez já para todos os carros e não só os do ensino.)
4
Lembro-me que ir ao café ficava por 4$50. Três vezes 15 tostões assim divididos: 1$50 para o café, 1$50 para o jornal e 1$50 para engraxar os sapatos.
9
Lembro-me que uma editora do Porto, a Inova, instituiu um prémio de poesia, que se chamava Prémio Pablo Neruda. Quem ganhou foi Nuno Júdice (aconteceu quatro meses depois do golpe de Pinochet, no Chile, e a Revolução de Abril só viria quatro meses depois).
12
Lembro-me que havia anúncios assim: “Uma semana em Londres/2500 escudos – Agência Abreu.”
327
Lembro-me.

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