sábado, 4 de abril de 2015

LIVROS DO MÊS DE ABRIL

Em abril, livros mil!

O ESTRANHÃO 2 – ACORDEM-ME QUANDO ISTO ACABAR, de Álvaro Magalhães
Queremos que enfrentes o 3.º período com um humor refinado, por isso aconselhamos-te a leitura das novas histórias de Fred, o Estranhão, um rapaz de 11 anos, com um Q.I. acima da média e enorme clarividência, que narra o seu estranho quotidiano com palavras e desenhos. Desta vez, ele abre um negócio, assiste a um Porto-Benfica, é assaltado na rua e assombrado pelo fantasma do avô. Pior, ainda: apaixona--se por uma rapariga cinco anos mais velha. E ele que só queria ter uma vida normal, sem sobressaltos… Mas isso não é tarefa fácil para um Estranhão. Pois não?
Sátira e humor da primeira à última página, de que é exemplo a frustrada candidatura de Frederico (nome por detrás da alcunha “Estranhão”) a "cartoonista" de um jornal. A resposta não lhe é favorável:  "Caro Frederico, Adoramos os teus desenhos, mas não podemos publicar material de menores. Cá te esperamos quando fizeres dezoito anos.”
No entanto, Fred não desiste: "Arranjei uma nova data de nascimento e fiquei com 35 anos, um curso de 'design' gráfico, um currículo bestial. Ou seja, deixei de ser um rapaz que escrevia e desenhava como se fosse um adulto, para ser um adulto que escrevia e desenhava como se fosse um rapaz. Era o que eles queriam, pareceu-me."
E pareceu-lhe bem, porque o mundo anda tão "estranhão" como Fred!...



[Agustina-Dicionário+Imperfeito.jpg]DICIONÁRIO IMPERFEITO, de Agustina Bessa-Luís
A obra de Agustina que te propomos para este mês é o seu Dicionário Imperfeito (Lisboa: Guimarães Editores), que inclui um conjunto de “ideias-chave, figuras, trechos significativos na obra de Agustina”, conjunto saído da obra não ficcional da escritora. Por este livro perpassam ainda afirmações sobre pessoas (a começar na própria Agustina, em jeito de autorretrato, e a continuar em Amadeo de Souza-Cardoso, Aquilino, Ingmar Bergman, Mário Botas, Camilo, Camões, Pascoaes, Dostoievski, Erasmo, Ferreira de Castro, Florbela Espanca, Freud, Greta Garbo, Garrett, Inês de Castro, Richter, Kirkegaard, Miguéis, Manoel de Oliveira, Pessoa, Marquês de Pombal, Régio, Francisco Sá Carneiro, Salazar, Santo António, D. Sebastião, Sidónio Pais, Mariana Alcoforado, Van Gogh, Vieira da Silva, Villon, Conde de Vimioso, Virgílio), sobre sítios (desde a “alma dos lugares” e passando por Barral, Brasil, Coimbra, Espanha, Porto, Foz do Douro, Hiroshima, Lisboa, Nova Iorque, Póvoa de Varzim, Rio de Janeiro, Roma, Sintra, Veneza), sobre sentimentos (amar, amizade, gratidão, sinceridade, simulação), sobre arte (artes plásticas, arquitetura, criação, escrita, literatura, poesia), sobre coisas (automóvel, computadores, guarda-chuvas, livros), sobre política (candidato, CEE, democracia, eleitor, governo, governantes, marcelismo, revolução de Abril) e sobre personagens (Moby Dick, Tristão, Isolda, José do Telhado).
Veja-se um excerto da entrada referente à “leitura”:
«Ler, que pode ser um vício, uma pedanteria ou um hábito, está reduzido a ser uma questão de tempo. Não há tempo para ler, a distância entre casa e o emprego é cada vez maior, os consultórios só fornecem velhas revistas ou propaganda médica, as gares do metro são mal iluminadas, a leitura não é protegida numa sociedade comprimida entre horas de ponta e telenovelas. A sociedade não se organizou no sentido de fazer do leitor um património cultural. Aquele que lê modera as leis da imbecilidade que é o mesmo que dizer as leis do mal.»

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