Peregrinação de Fernão Mendes Pinto
Obra apresentada como a história da vida de seu autor enquanto europeu fixado na Ásia. Saindo da casa do pai em Montemor-o-Velho, vai trabalhar como criado em Lisboa. Logo acaba obtendo uma vaga num navio, que ainda nas costas portuguesas é capturado por corsários franceses. Retornando aos empregos usuais em Lisboa, torna a embarcar noutro navio rumo ao Oriente em 1537. A partir daí, a sua peregrinação inicia-se, passando por praticamente todos os entrepostos portugueses à época naquela parte do mundo, fazendo de tudo um pouco, como um legítimo aventureiro: torna-se soldado, marinheiro, embaixador, náufrago, é vendido como escravo, torna-se padre, conhece São Francisco Xavier no Japão, torna-se rico ao participar do lucrativo comércio português na área, sendo dono de escravos, presenciando ao mesmo tempo o desenrolar de muito da história de vários territórios asiáticos. Um livro que convida o leitor a abrir-se para outros mundos e outras perspectivas.
Um Pombo Chamado Colombo de Maria Teresa Maia Gonzalez e Margarida Fonseca Santos
O seu nome era Colombo e a sua carreira de fazer inveja aos outros pombos. Formado na Real Academia de Pombos-Correio, Colombo já tinha viajado por países como os Estados Unidos da América, Itália, França, Pérsia, Austrália e Áustria, sempre ao serviço do rei Mandu-Ka até ao triste dia em que tinham dispensado os seus serviços. Desolado e sentindo o peso da idade, Colombo sabia que era demasiado tarde para arranjar nova ocupação mas o seu pombo interior, jovem e dinâmico, a sua voz da consciência, falou com ele e deu-lhe uma ideia: juntar-se aos outros pombos na Praça do Pombal do Marquês e ganhar a vida a contar histórias. E assim, Colombo aceitou o desafio e em seu redor juntou uma série de outros pombos curiosos por descobrir como era o quotidiano de um pombo real. Em troca Colombo recebia grãos de milho para sobreviver. Porém, a esperança para Colombo regressou e a sua Majestade voltou a precisar dos seus serviços. Uma leitura empolgante, divertida e ao mesmo tempo comovente.
O Romance das Ilhas Encantadas de Jaime Cortesão
Em tempos que já lá vão um nigromante, isto é, um homem que conhecia as artes mágicas, encantou as ilhas do grande mar Oceano. Só as mulheres marinhas (ou, por outro nome, as ondinas), que eram filhas do mar e conheciam todos os seus segredos, sabiam o paradeiro certo. E eram elas que as protegiam dos estranhos, sobretudo dos moiros, desviando navios e espalhando nevoeiros para as ocultar. O porquê desse encanto e a gesta dos marinheiros que o ousaram desfazer constitui o cerne desta história maravilhosa que o grande escritor Jaime Cortesão quis legar aos mais jovens e cuja leitura está hoje aconselhada em todas as escolas do país.
Viagem à Roda do Meu Nome de Alice Vieira
Abílio detesta o seu nome e decide mudá-lo para Luís. A mudança de nome tem valor simbólico, mostra o instante em que Abílio entra em processo de crise, na busca de ser ele mesmo, diferente daquilo que dele queriam fazer. Uma viagem à terra dos seus antepassados reconcilia-o com a sua história e o seu nome. Este romance realista, de personagens bem delineadas, retrata a vida quotidiana e o mundo interior de um rapaz, utilizando a primeira pessoa em dois tempos de enunciação, e aborda com optimismo o complexo tema da identidade.
Aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira
João Sem Medo é um jovem que se farta do ambiente choroso, entediante e desesperante que se vive na sua aldeia, Chora-Que-Logo-Bebes. Por isso, parte em busca de aventuras, sempre corajoso, refilão e decidido em fazer frente aos chichés de Princesas, Príncipes e Fadas convencionais, que chegam a ser tão aborrecidos quanto a realidade que abandonara. As lições e a moralidade estão em cada linha, como é evidente, tratando-se de um livro escrito na altura da Ditadura Portuguesa, mas feitas de uma forma disfarçadamente infantil. João Sem Medo, depois de todas as lições aprendidas, mantém a sua coragem e determinação e volta à húmida aldeia, com a resolução de mudar o estado das coisas (quem não o deseja?). Rapidamente percebe que não será assim tão simples, mas como diz o ditado, quando a vida te dá limões, faz limonada. Ou neste caso, quando a vida te dá lágrimas, monta uma empresa de lenços.
Homenagem a um comboio que já não existe, mas que continua a viajar na memória dos homens e mulheres da Patagónia, estes «apontamentos de viagem» - como lhes chamou Luis Sepúlveda - tornaram-se um dos livros de referência do grande autor chileno. Desde os seus primeiros passos na militância política, que o levaram à prisão e depois ao exílio em diferentes países da América do Sul, até ao reencontro feliz, anos depois, com a Patagónia e a Terra do Fogo, é uma longa viagem (e uma longa memória) aquela que Luis Sepúlveda nos propõe neste seu livro. Ao longo dele, confrontamo-nos com uma extensa galeria de personagens inesquecíveis e com um conjunto de histórias magníficas, daquelas que só um grande escritor é capaz de arrancar aos labirintos da vida.
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