Hoje, quarto dia da
Semana da Leitura, recebemos, na sala C3, Sofia Araújo, que foi professora estagiária
na nossa escola e é doutorada em Literatura. Veio falar com o 5.º C sobre o
papel dos livros na sua vida e interagiu com os alunos procurando saber o que
achavam da escola, da biblioteca e dos livros.
Começou por lhes dizer
que esta escola é especial para ela, uma vez que foi aqui que passou de aluna a
professora. Hoje ensina gente crescida, futuros professores, e também faz
teatro. Logo foi interrompida por um aluno que lhe disse que estava a aprender
o texto dramático nas aulas de Português e gostava muito. Claro que ela quis
saber, quase em tom de sigilo, “que ninguém estava a ouvir”, quem é que não gostava
mesmo de ler. Num universo de 15 alunos, 1/3 terá levantado o dedo. Foi nessa
altura que lhes falou dos 10 mandamentos do leitor ( o leitor tem direito a
desistir do livro, a começar a ler pelo meio, pelo fim…), e também do que podem
ganhar se pensarem no livro como objeto de prazer. “Com pasta de madeira e
tinta podemos viajar para qualquer lado, pois os livros abrem sempre portas”.
Seguiu-se então uma agradável conversa sobre o livro favorito de cada um e o
prazer de ler. A nossa convidada conseguiu cativar os alunos, muitos deles com
poucos hábitos de leitura, fazendo analogia com o jogo “Cluedo”. Muitas vezes
quando se lê um livro policial, apressamo-nos
a acabar a leitura para descobrir o assassino. E se a leitura for feita em
conjunto, num intervalo, num “furo” transforma-se numa espécie de jogo em que
para uns o mau é a personagem X, para outros a Y e para muitos a Z! A propósito
da coleção ”O Estranhão” dois alunos tinham interpretações diferentes e isso
deve-se, no entender de Sofia, à riqueza da personagem principal que gera no
leitor sentimentos e emoções diversas. E isso acontece com muitos livros.
Aliás, segundo ela, “uma das vantagens dos livros é que sendo tão diferentes
uns dos outros, podemos usá-los com diferentes objetivos e em diferentes
momentos. Os livros são sempre prendas fantásticas, mais ainda quando se lhes
junta uma dedicatória.” A propósito de policiais falou-se sobre Agatha Christie
e as máximas do seu detetive, Hercule Poirot, que muito destacava as pequenas
células cinzentas, quando se referia ao seu próprio raciocínio.
Foi interessante
verificar que há livros que vão cativando diferentes gerações. A coleção “Uma
aventura”, por exemplo, que hoje encanta muitos dos nossos alunos, foi uma das primeiras
paixões de Sofia, que aguardava sempre com ansiedade a saída de um novo livro
das autoras, o que acontecia normalmente de 6 em 6 meses.
A propósito do seu nome
“Sofia”, confidenciou-nos que quando leu “ Os desastres de Sofia” ficou
irritada, porque sendo Sofia, achava que todas as Sofias eram maravilhosas.
A conversa não podia
deixar de passar pela banda desenhada, recaindo a escolha dos alunos em coleções
como “ Mafalda” e “A turma da Mónica”. Uma das alunas, cujo autor favorito é
Quino, explicou por que motivo adora a Mafalda, acha divertida a forma como ela
brinca com as situações do dia-a-dia e os amigos dela representam pessoas que
existem no mundo. Há os que adoram dinheiro, os que são egoístas… A nossa
especialista em livros aproveitou para falar da obra” O monte dos vendavais” cuja
autora nunca saiu de casa e no entanto conseguiu entender o mundo tão bem que
qualquer leitor se identifica com pelo menos uma personagem do livro. Falou-se ainda de Shakespeare e uma aluna
sabia que se comemoravam os 400 anos do seu falecimento. Que bom termos jovens
atentos a estes factos!
Foi um momento bem
passado e os alunos adoraram. Tanto, que alguns ficaram uma parte do intervalo
a fazer-lhe perguntas e a folhear os livros que trouxe para lhes mostrar.
Texto: Prof.ª Luísa Fonseca
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