sexta-feira, 29 de abril de 2016

SEMANA DA LEITURA: TESTEMUNHO DE LEITORES | DIA 4 (PARTE II)

Sofia Araújo é doutorada em Literatura Portuguesa e Inglesa e, atualmente, leciona Estudos Literários no ensino superior. No início da sua carreira, passou pela nossa escola, onde realizou o seu estágio. Hoje, Sofia visitou-nos e conversou com várias turmas, entre as quais o 9.º A.


Como muitos de nós, Sofia encontrou muito mais relutância na leitura entre os alunos do 3.º ciclo e levantou questões sobre o que se passaria entre as idades do 5.º ano e do 9.º para que os alunos passassem a dizer abertamente que não gostavam de ler. No entanto, como não se satisfez com a resposta obtida, desmontou a ideia de que os alunos mais velhos são mais avessos à leitura, levando-os a confirmar que gostavam de séries policiais.
- Ah! Então gostam de narrativas! – exclamou.
Afinal, vários tinham lido livros da coleção Uma aventura, como acabaram por admitir. Foi aí que passou ao seu testemunho. E foi também aí que o ar de sobranceria foi dando lugar a um interesse genuíno, que levou os alunos a permanecerem na sala de aula depois do toque de saída, para ouvirem Sofia fazer várias afirmações em defesa da leitura, das quais destacamos:
▪ Os livros dão-nos uma liberdade de imaginação que o filme não permite e “o fascínio de um livro é permitir-nos suspender a vida real e entrar nesse outro mundo”.
▪ Todos gostamos tanto de narrativas e muitos jovens gostam de ver o Poirot e gostaram da coleção Uma aventura – porque a leitura é como um jogo , para além de que todo o ser humano gosta de histórias.
▪ Como lembra Daniel Pennac, os direitos do leitor são muito importantes – o direito de passar à frente uma parte chata, de abandonar um livro de que não se está a gostar, de começar a ler o final…, tudo aquilo que não podemos fazer quando o livro é objeto de estudo.
▪ Os livros ajudam-nos a verificar que, afinal, não estamos sós nem somos só nós a sentir-nos assim. Outros já o experimentaram e, quando lemos as suas histórias, sentimo-nos acompanhados. Ler essas coisas por palavras de outros, que nós se calhar nem saberíamos exprimir, é do mais gratificante que tem a leitura em qualquer idade.
▪ “A leitura permite-nos uma liberdade que não temos no dia a dia.”
▪ Emily Brontë, autora do mundialmente célebre Monte dos Vendavais, praticamente nunca saiu de casa e morreu muito nova, com apenas 30 anos. Como foi possível que conhecesse tão bem o ser humano e o seu íntimo? Tinha uma casa cheia de livros e os livros permitem-nos esse conhecimento do ser humano.
Estas foram algumas das ideias com que Sofia cativou os alunos de 9.º ano, que, embora inicialmente um pouco renitentes, a ouviram com progressivo interesse e prazer.


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